Memória do Corpo Docente – Marta Maria Chagas de Carvalho

MARTA MARIA CHAGAS DE CARVALHO


(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Marta Maria Chagas de Carvalho nasceu em 15 de dezembro de 1945 na cidade de São Paulo.
Em 1967 formou-se em Pedagogia na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1975 concluiu seu Mestrado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) e em 1987 Doutorado em Educação, pela mesma instituição.
Sendo seu primeiro emprego, iniciou sua atuação docente na Faculdade de Educação (FEUSP) em 1971 onde integrou o EDM – Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada. Em 1972 transferiu-se para o EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação. Ministrou as disciplinas: Educação Comparada, no EDM; Filosofia da Educação; História da Educação Contemporânea e História da Educação Brasileira, todos no EDF. Nos anos 1970 e 1980, participou de diversas comissões, entre elas duas que discutiram reformulações curriculares. Entre 1987, ano do seu Doutorado, e 1997, orientou diversas pesquisas de Mestrado e de Doutorado e coordenou projetos institucionais de pesquisa, entre eles um financiado pela FINEP.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, a coordenação, juntamente com a Profa. Dra. Belmira Bueno, do Projeto BID USP Pesquisa Institucional; a coordenadoria do Centro de Memória da Educação da FEUSP, tendo liderado o processo da sua institucionalização. Na Pós-Graduação, idealizou e coordenou a Área Temática História da Educação e Historiografia.

Memória do Corpo Docente – Marta Kohl de Oliveira

MARTA KOHL DE OLIVEIRA


(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Marta Kohl de Oliveira nasceu em 26 de agosto de 1953 em São Paulo, capital.
Em 1975 formou-se em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1977 concluiu seu Mestrado e em Psicologia Educacional pela Stanford University da Califórnia, EUA e em 1982 Doutorado em Psicologia da Educacional, pela mesma instituição.
Trabalhou em creches e escolas, desde o Ensino Médio; ainda durante a graduação foi contratada como bolsista de pesquisa na Fundação Carlos Chagas (FCC), onde teve incentivo para realizar mestrado e doutorado no exterior.
Iniciou sua atuação docente, na Faculdade de Educação (FEUSP), em 1984 onde integrou o EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação, ministrando as disciplinas: Psicologia da Educação; Introdução aos Estudos da Educação; Tópicos de psicologia cultural; A psicologia histórico-cultural e a compreensão do fenômeno educativo; e na Pós-Graduação: Aspectos cognitivos da utilização de sistemas de representação da realidade; Desenvolvimento cultural e modalidades de pensamento e Ciclos de vida, narrativas autobiográficas e tensões da contemporaneidade. Orientou alunos de Iniciação Científica, Bolsistas PAE, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado; foi Membro de comissões e órgãos colegiados (Pós-Graduação, Conselho de Departamento, Congregação da Faculdade, Área Temática de Psicologia e Educação, Comissão de Publicações) e realizou demais atividades relativas à função (participação em bancas e comissões julgadoras, participação em congressos e reuniões científicas, conferências, palestras e seminários, assessorias, pareceres e publicações). Em 1993 realizou Concurso Público de efetivação e em 2009 aposentou-se.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, o início da carreira docente, estimulante e desafiador; as demandas, a partir do final da década de 1980, que a levaram ao aprofundamento no trabalho de Vygotsky e sua linha de pesquisa (a chamada Psicologia Histórico-cultural). Foi nesse período que o autor começou a ser conhecido no Brasil e, portanto, foi chamada a falar e escrever sobre suas ideias, às quais havia sido exposta, anteriormente, em suas experiências acadêmicas nos Estados Unidos; Estágio de Pós-Doutorado em San Diego em 1990, com o pesquisador Michael Cole e a realização de seu trabalho para o concurso de Livre-Docência em 2008, oportunidade de balanço crítico de sua carreira.

Memória do Corpo Docente – Marli Eliza Dalmazo Afonso de André

MARLI ELIZA DALMAZO AFONSO DE ANDRÉ


(Minibiografia baseada em informações contidas no Currículo Lattes.)


Maria Eliza Dalmazo Afonso de André formou-se em Letras pela Universidade de São Paulo (1966) e em Pedagogia pela Universidade Santa Úrsula (1973). Concluiu o mestrado em Educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1976) e o doutorado em Psicologia da Educação na University of Illinois em Urbana-Champaign (EUA) em 1978.
Iniciou seu trabalho docente na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) em 1987, onde integrou o EDM – Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada, até 1999. Foi professora titular aposentada da FEUSP e em 2000 integrou o corpo docente do Programa de Estudos pós-graduados em Educação: Psicologia da Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Em 2013 assumiu a coordenação do Mestrado Profissional em Educação: Formação de Formadores, na PUC SP e em 2017, a vice-coordenação.
Desenvolveu estudos e pesquisas nas áreas de formação de professores e de metodologia da pesquisa em educação.

Memória do Corpo Docente – Mário Leônidas Soares Casanova

MÁRIO LEÔNIDAS SOARES CASANOVA


Mário Leônidas Soares Casanova integrou o corpo de primeiros docentes que deu início a Faculdade de Educação da USP, onde atuou no EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação, como auxiliar de Ensino. Lecionou a disciplina de História da Filosofia no Departamento de Educação da extinta Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual FFLCH) entre os anos de 1962 e 1967, junto ao professor João Eduardo Rodrigues Villalobos.

Memória do Corpo Docente – Marina Célia Moraes Dias

MARINA CÉLIA MORAES DIAS

(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Marina Célia Moraes Dias nasceu em 08 de novembro de 1950 na capital paulista.
Em 1973 formou-se em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1983 concluiu seu Mestrado em Educação pela Universidade da Califórnia, em Berkeley e em 1997 o Doutorado em Educação pela Faculdade de Educação (FE) da USP.
Trabalhou como Professora de Primeiro Grau; Coordenadora Pedagógica de Primeiro Grau e Educação Infantil; Supervisora de Ensino; Membro da Equipe Pedagógica do DEPLAN e do DOT da Secretaria de Educação de São Paulo; Professora do Instituto Sedes Sapientiae, São Paulo e Professora da Faculdade de Artes Santa Marcelina, São Paulo.
Iniciou sua atuação docente na Faculdade de Educação (FEUSP) em 1992, onde integrou o EDM – Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada, ministrando as disciplinas: Teoria e Prática da Educação Pré-Escolar I e II; Educação Infantil e Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil. Foi responsável pela orientação de estágios dos graduandos em creches e escolas públicas e privadas de Educação Infantil. Na Pós-graduação, entre 1998 e 2011, ministrou: O Lúdico e as Linguagens Expressivas na Educação da Infância. Orientou uma tese de Doutorado, seis dissertações de Mestrado e uma Iniciação Científica. Em cursos de Especialização ministrou as seguintes matérias: Currículo e Cognição: Iniciação às Ciências Sociais (1994-7); A Criança e o Meio Ambiente e Alfabetização e Literatura (1999); Fundamentos do Desenvolvimento Infantil (1995); Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil (1999); Arte e Educação I: Música e Artes Visuais e Arte e Educação II: Dança e Teatro (1997-1999). Também realizou os Projetos de Extensão Universitária: Curso de Especialização em Educação Infantil para professores de educação infantil (1994-2006); Foi Orientadora, Vídeo-conferencista, palestrante e editora de textos do Programa PEC I e II – Formação Universitária (2001-2004); Membro da Comissão Científica de reuniões do COPEDI; Membro do GT de Educação Infantil dos Congressos da UNESP sobre Formação de Educadores; Professora da FEUSP convidada pela Creche Oeste da USP no processo de análise e aplicação do instrumento “Indicadores de Qualidade na Educação Infantil” do MEC (2011 e 2012); Consultora e Coordenadora do GT “Educação Infantil”, que resultou na publicação do texto “Matriz Curricular do Município de Sorocaba” (2011-2012); Professora colaboradora da UNIFESP – Guarulhos, ministrou a disciplina: Arte-Educação (2010); Consultora do GT sobre o projeto “Brincar” que resultou na publicação do livro “Brincar: o Brinquedo e a Brincadeira na Infância” (2011) e no DVD “Caramba, Carambola, o Brincar está na Escola (2013)”. Participou de várias dezenas de bancas de TCC, qualificação, mestrado e doutorado na USP (FE, ECA, EEF, IP, FFLCH), UNICAMP, PUC-SP, Mackenzie e UFU, além de bancas de contratação de professores na FEUSP.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, o Planejamento e participação no Curso de Especialização e Educação Infantil da FEUSP.
Sua atuação como Professora visitante em Instituições Internacionais de Pesquisa: Université Paris-Nord, França (1999); Instituto de Estudos da Criança (IEC), Universidade do Minho, Portugal (2003); Instituto Pedagógico, da Universidade de Gottemburgo, Suécia (2000 e 2003); como Consultora e Professora do Programa “Parâmetros em Ação – Educação Infantil” promovido pelo MEC em cidades de RS, PR, SP, MS, RO, AC, BA, AL, RN e PB (2000 e 2001) e do Programa Pró-Infantil nas cidades de Manaus e Belém; Professora do Programa Biblioteca e Educação, em parceria com PM de SBC (2011-2012); Colaboração com MAC-USP e Creches da USP no Projeto Arte-Infância (1992-2002); Coordenadora do Curso “A hora e a vez da equipe de apoio à ação educativa: a educação infantil construída de mão e mão”, Fundação da FEUSP (FAFE), promovido pelo DOT-Educação Infantil da SEMSP (2005). Também a Coordenação do Curso “Leitura de Mundo, Alfabetização e Letramento: os Espaços e Tempos das Linguagens e do Brincar” promovido pelo DOT-Educação Infantil da SME SP (2004-2005).
A escrita dos Prefácios e tradução para o português dos livros “Group Games in Early Education” (1988), de Constance Kamii e Rheta DeVries, e “Reinvent Arithmetics: Implications of Piaget’s Theory” (1999), de Constance Kamii e Leslie Housman.
Também registrou que sua experiência como professora, coordenadora e supervisora da rede de ensino municipal de São Paulo, conjugada como docente e pesquisadora de educação infantil da FEUSP, proporcionou uma carreira produtiva calcada na articulação teoria-prática a serviço da realidade brasileira. Ex-alunos de graduação, pós-graduação e cursos de extensão têm se destacado na educação infantil pública brasileira.
Publicou 11 artigos em livros e periódicos.

Memória do Corpo Docente – Marília Pontes Esposito

MARÍLIA PONTES ESPOSITO

Quando eu recebi a honra de ser designada pelo Professor Bruno Bontempi Jr. para representar o Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação nessa homenagem que confere à Professora Marília Pontes Sposito o título de Professora Emérita desta casa, eu me senti profundamente desafiada. Em primeiro lugar, porque é difícil, em poucas palavras, fazer jus ao legado que Marília deixa em nossa Faculdade. Por outro lado, eu fiquei pensando como justificar aquilo que, por óbvio, não precisa de justificação. Marília merece esse título de Professora Emérita e todos aqui presentes já sabemos disso. Mesmo assim, para dizer alguma coisa, eu optei por vistoriar um pouco a trajetória da professora e pesquisadora Marília.

Marília Pontes Esposito, professora de Sociologia da Educação da Faculdade de Educação da USP desde 1981, iniciou muito cedo suas atividades como professora universitária, quando, em 1977, abraçava a docência no Departamento de Pedagogia da Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira. Marília atuou também de maneira extremamente significativa na Ação Educativa, entre 1994 e 2007, bem como na FAPESP entre 2006 e 2012, quando coordenou a área de Educação daquela instituição. Marília foi também uma presença importante na Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPED), onde chegou a ocupar o posto de vice-presidente entre 1989 e 1993. Mas foi na Faculdade de Educação da USP que a atuação de Marília mais se destacou. Toda a sua produção intelectual foi desenvolvida no período em que aqui esteve, nesta Faculdade que acompanhou toda a sua história e na qual, tendo chegado à vice-direção, ela deixou seus rastros e seus rumos. Nesta casa, Marília cursou Pedagogia, formou-se como intelectual e realizou seu mestrado e seu doutorado, sob a orientação do professor Celso de Rui Beisiegel. Sua dissertação de mestrado, defendida em 1982, e que foi publicada com o título O povo vai à escola: a luta popular pela expansão do ensino público em São Paulo, discorre sobre o crescimento da rede de ensino público secundário na cidade de São Paulo. Como diz sobre o tema, seu orientador Celso Beisiegel,  o livro em que se transformou a tese de mestrado de Marília “reconstitui, passo a passo, o processo de criação de novos ginásios públicos, desde 1940, quando eram apenas 3, até por volta de 1970, quando já se aproximavam de quatro centenas. Examina em profundidade os mecanismos de decisão que prevaleceram  na expansão da rede de escolas; situa, em seu devido lugar, a importância da criação do ensino secundário noturno; explicita as condições de conjuntura que determinaram a multiplicação das denominadas ‘extensões’ das escolas secundárias já existentes nos meados da década de 50. No âmbito da análise então desenvolvida vão surgindo, cada um no seu lugar próprio e também na trama de relações que mantêm uns com os outros e com a situação de conjunto, os diversos agentes envolvidos na transformação do sistema de ensino: intelectuais, administradores, educadores, políticos, partidos, a grande imprensa, a política populista, as organizações populares, as sociedades de amigos de bairros, os movimentos sociais. [Ainda nas palavras de Celso Beisiegel] o livro expõe fielmente o resultado de uma trabalhosa e complexa investigação, sempre conduzida com acuidade e competência intelectual. Como profetizou o orientador daquele trabalho, a publicação foi  “acolhida como relevante contribuição para o conhecimento da história social da educação brasileira”.

Sua tese de doutorado – publicada sob o título A ilusão fecunda: a luta por educação nos movimentos populares – ganhou uma nova edição em 2010, o que comprova que se havia tornado uma indelével referência no campo de conhecimento sobre o qual Marília se dedicou. No prefácio dessa nova edição, José de Souza Martins caracteriza com fidelidade o lugar público ocupado por Marília no território dos estudos da sociologia e da educação. Diz o professor Martins, que “Marília Pontes Sposito é uma de nossas melhores conhecedoras das teorias dos movimentos sociais e indiscutível autoridade na questão da educação e dos dilemas de uma escola em crise, porque excludente, o que se confirma na trajetória deste livro referencial. O próprio desenvolvimento dos acontecimentos sociais e políticos da história recente do país incumbiu-se de ressaltar as qualidades já reconhecidas de A ilusão fecunda. Em particular, de que é robusta análise sociológica de um momento rico e significativo da história do povo e de suas reivindicações, vista do ângulo da relação entre a escola, a família e a comunidade. Sobretudo, como registro e interpretação do frequente desencontro entre o que se poderia chamar de uma concepção popular de escola e a insistentemente alienada política educacional, divorciada da vida e do entendimento que da vida adversa têm os que já não podem, não querem e nem sabem viver sem escola”.  Para Martins, a tese e o livro de doutorado de Marília, tornam-se um “modelo de estudo sociológico sobre o protagonismo da sociedade na educação, que se dá por meio dos movimentos sociais, em particular dos movimentos populares”.

A análise da produção intelectual de Marília demonstra um percurso extremamente focado e, ao mesmo tempo, amplo e diversificado em relação aos temas e aos problemas de pesquisa sobre os quais se concentrou. Seu atual projeto de pesquisa estuda o tema da juventude universitária de maneira exaustiva, trabalhando o que ela nomeia de “intrincadas relações entre os indivíduos e a ação coletiva: os jovens como operadores dos dilemas das sociedades contemporâneas”. Aqui a investigação versa sobre um diálogo crítico entre as teorias da socialização política e do engajamento militante. Pesquisou anteriormente – sempre rodeada de outros investigadores e de estudantes que, por sua vez, são seus aprendizes e orientandos – “o campo de estudos de juventude no Brasil e suas interfaces com a educação e o trabalho”.  Nesse projeto, Marília constatou, nos anos compreendidos na primeira década do presente século, uma maior “recuperação da renda, uma diminuição dos índices de desemprego e a expansão das oportunidades de trabalho formal”, tendências que – no parecer da autora – “já mostram claros sinais de retração no contexto atual, mas é inegável que elas foram parte da realidade juvenil no período recente”. Marília debruçou-se também sobre a matéria  da violência  e do comportamento violento entre jovens e adolescentes no município de São Paulo.  Outra frente de pesquisa desenvolvida pela professora foi a busca das “formas de constituição do campo de estudos sobre juventude no Brasil”. Aqui o foco foi o de “identificar, acompanhar e analisar a produção acadêmica de grupos de pesquisadores voltados para o estudo do tema juventude nas áreas da Educação e Ciências Sociais, cobrindo artigos de periódicos, comunicações em congressos, além de teses e dissertações”. Com isso, a investigação pretendia “conhecer e analisar as condições que favorecem ou dificultam a constituição de um campo de estudos sobre juventude”, bem como – nas palavras de Marília – “verificar e analisar as interações entre o campo acadêmico de estudos e o campo político de modo a estabelecer a maneira como eles estão imbricados na área de juventude e seus eventuais desdobramentos”.

Nos inúmeros artigos, livros e capítulos de livros que tem publicados, a pesquisadora dá continuidade a seus primeiros trabalhos, debruçando-se agora com firmeza e maturidade sobre a temática da juventude. Eu não conseguiria apanhar e fazer jus à intensa produção da professora Marília. Por isso, optei por me limitar ao estudo de três de seus artigos.

  1. O primeiro deles é o texto intitulado Uma perspectiva não escolar no estudo sociológico da escola, publicado em 2003 na Revista USP. Aqui Marília ressalta a importância do estudo da escola, mas sob uma perspectiva que não é exatamente escolar, propondo-se explicitamente a evitar os ardis de uma pretensa sociologia específica, a sociologia da escola. Na verdade, esse trabalho, considerando a escola como unidade empírica de investigação, reconhece que “elementos não escolares penetram, conformam e são criados no interior da instituição e merecem, por sua vez, também ser investigados”. Marília quer iluminar a importância analítica da escola a partir do que nomeia de suas “bordas e franjas”: o bairro, as relações de vizinhança, as expectativas familiares, etc. Marília sublinha ainda o modo como a expansão da escolaridade amplia e confirma a condição juvenil; com a lembrança de que “ninguém nasce aluno; alguém torna-se aluno”. Essa subcultura juvenil passa a impactar as relações escolares e as formas de sociabilidade de uma escola que se ampliava e que continuava segregando e excluindo, ao mesmo tempo em que contraditoriamente aumentava as oportunidades de acesso aos bens culturais da sociedade letrada e mesmo ao mundo público. Nesse sentido, é brilhante a conclusão da autora; e eu cito Marília: “se a vida escolar é amplamente determinada pelas relações sociais a ela externas, em seu interior não ocorre a mera transposição: há recriação, transformação ou produção de novas relações sociais. (…) Na ausência de experiências mediadoras entre o mundo da casa e o universo impessoal da esfera pública, a escola passa a ser o único território de interações contínuas para adolescentes e jovens, ainda sob uma certa proteção do mundo adulto, mesmo que este último apareça como distanciado e também em crise.” Com isso, Marília constata que não há reprodução no ambiente escolar sem que haja como contrapartida, a produção de novas relações sociais.
  2. O segundo artigo que eu gostaria de comentar chama-se Juventude e educação: interações entre a educação escolar e a educação não-formal, publicado em 2008 na revista Educação e Realidade. Marília denuncia aqui a ambiguidade do conceito de formação, quando aplicado às camadas populares. A ideia de formação seria, sob tal vertente, apresentada como algo destinado a seres humanos jovens e, enquanto tal, “incompletos, mal acabados, que demandariam constantemente uma ação de intervenção para conformá-los ou para completá-los em suas faltas ou deficiências. Em geral, a correção como alvo da formação é proposta por alguém que atribui a um alter o que ele não tem ou que o considera deficiente”. Nas palavras de Marília “a ideia de formação de jovens pobres, além daquela oferecida pela escola, encerra essa ambiguidade, pode exprimir um vetor de formação do sujeito, como pode assumir um forte teor de controle, de moldagem, de recuperação ou de contenção”. Nesse sentido, haveria um deslocamento da ideia de cidadania como um conjunto de direitos, para uma ideia de cidadania como ensino de civilidade. Esvazia-se com isso a dimensão dos direitos a serem consagrados e garantidos pelo Estado, e ganha terreno privilegiado “a dimensão do ensino das regras da convivência, do respeito”, descaracterizando, em alguma medida, a própria acepção de cidadania.
  3. O terceiro texto sobre o qual eu me concentrei intitula-se Transversalidades no estudo sobre jovens no Brasil: educação, ação coletiva cultura e foi publicado na revista Educação e Pesquisa em 2010. Marília situa aqui o entrelaçamento da pertença escolar com outras pertenças, à luz desse caráter transversal – escola, trabalho, lazer, sociabilidade – para, a partir disso, constatar, nas palavras dela, que “a fraca adesão aos rituais escolares e a ausência de conflitos em torno da socialização escolar, aparecendo principalmente o retraimento ou a recusa das práticas escolares, somam-se aos percursos instáveis que levaram a uma enorme fragilidade do mundo do trabalho, evidenciando sua incapacidade de absorção dos segmentos jovens de origem popular nos tempos e espaços formais e reconhecidos das ocupações no Brasil”. Estudiosa sistemática e constante da juventude, Marília conclui que os jovens são a ponta do iceberg dos dilemas sociais contemporâneos.

Esses são apenas alguns dos recentes estudos da professora Marília Pontes Esposito, pesquisadora que possui 56 artigos publicados em periódicos dos mais bem qualificados no país e no exterior, 16 livros editados e 43 capítulos de livros editados. Com quase 20 prefácios, posfácios ou apresentações de livros que efetuou, Marília revela também a ascendência teórica que possui em novas gerações de pesquisadores do seu campo de atuação. Suas dezenas de orientações de mestrado e de doutorado revelam seu apreço pela formação de jovens pesquisadores, que são generosamente incluídos em seus projetos de pesquisa, o que os qualifica e os coloca também com facilidade no circuito acadêmico do território da Sociologia e da Educação.

Como atestou o professor Julio Groppa Aquino, no texto de proposição da professora Marília Pontes Espósito para professora emérita da FEUSP – e eu cito as palavras de Julio – “ao examinar em perspectiva o conjunto da obra acadêmica e profissional da professora Marília, em seus diferentes níveis e patamares, não resta dúvida de que estamos diante de uma trajetória irretocável e inspiradora não apenas para aqueles que desfrutaram ou que desfrutam da proximidade de sua companhia investigativa, mas também para seus colegas de outras áreas do conhecimento. Isso sem contar as qualidades pessoais que despontam do convívio afável e respeitoso por ela cultivado. Desta feita – continua  Julio – o nome da professora Marília Espósito é sinônimo do mais alto grau de responsabilidade acadêmica e de refinamento tanto intelectual quanto pessoal; motivo, portanto, de máxima honra para os colegas do Departamento do qual ela tomou e, sempre que convocada, continua tomando parte. Em suma um bastião presente entre nós”.

Mas eu não poderia concluir minha fala sem atentar para uma dimensão pessoal. Marília foi minha professora, no início dos anos 80, quando eu era aluna ainda do segundo ano do curso de pedagogia. Naquele momento, ela, uma muito jovem docente desta casa, nos colocava em contato com o debate sobre a questão da polêmica entre qualidade e quantidade de ensino. Líamos com Marília autores clássicos da sociologia e, dentre eles, nos aproximávamos da produção de Celso Beisiegel e José Mário Pires Azanha sobre essa temática. E Marília avançava no debate, posto que trazia para a discussão as críticas que já eram feitas aos parâmetros excludentes da sociedade em relação ao acesso e à permanência das crianças na escola. As aulas de Marília não eram quaisquer aulas. Eram aquelas aulas que jamais esqueceríamos, pela força do seu conteúdo, pela riqueza das leituras que nos proporcionava a docente, pelo vigor do debate que conseguia fomentar e certamente pela dinâmica pedagógica e pelo carisma da professora. Estou certa de que todas as gerações de estudantes e de pedagogos que Marília formou são testemunhas de que, com ela, nós adquiríamos espírito crítico e passávamos a enxergar o campo da educação de maneira mais complexa e mais elaborada.

Eu terminaria esta minha intervenção, dedicando a Marília as palavras que Brecht dirigia à Humanidade: “há homens [e mulheres] que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são os imprescindíveis” (Bertold Brecht). Marília, querida, você está entre os imprescindíveis.

 

 

 

 

 

Bibliografia:

 

AQUINO, Julio Groppa. Proposição da Profª. Drª. Marília Pontes Esposito para professora emérita da FEUSP. [texto mimeografado]

 

BEISIEGEL, Celso de Rui. Apresentação. In: SPOSITO, Marília Pontes. O povo vai à escola: a luta popular pela expansão do ensino público em São Paulo. São Paulo: Edições Loyola, 1984.

 

MARTINS, José de Souza. Prefácio à nova edição. In: SPOSITO, Marília Pontes. A ilusão fecunda: a luta por educação nos movimentos populares. São Paulo: Hucitec, 2010.

 

SPOSITO, Marília Pontes. Estudos sobre juventude em educação Revista Brasileira de Educação. mai/jun/jul 1997, n.5, set/out/nov/dez, 1997, n.6.

 

SPOSITO, Marília Pontes. Juventude e educação: interações entre a educação escolar e a educação não-formal. Educação e Realidade. n.33(2). jul/dez 2008, p.83-97.

 

SPOSITO, Marília Pontes. Transversalidades no estudo sobre jovens no Brasil: educação, ação coletiva e cultura. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.36, n. especial, p. 095-106, 2010.

 

SPOSITO, Marília Pontes. Uma perspectiva não escolar no estudo sociológico da escola. Revista USP, São Paulo, n.57, p.210-226, março/maio 2003.

Memória do Corpo Docente – Marília Pinto de Carvalho

MARÍLIA PINTO DE CARVALHO

(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Marília Pinto de Carvalho nasceu em 29 de julho de 1959 na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Em 1985 formou-se em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1991 concluiu seu Mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e em 1998 Doutorado em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP).
Trabalhou como professora de História na Rede Estadual de São Paulo (1982 a 1988).
Iniciou sua atuação docente, na Faculdade de Educação (FEUSP), em 1989 onde integrou o EDA – Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação, ministrando as disciplinas: Política e Organização da Educação Básica (POEB) e disciplinas eletivas da Área Relações de Gênero e Educação, intituladas Escola e relações de gênero e Trabalho, educação e gênero. Pontuou que, Infelizmente, ambas as eletivas foram extintas e as questões de gênero hoje são tratadas marginalmente, diluídas em outras disciplinas da graduação em Pedagogia. Na Pós-Graduação, ministrou a disciplina Educação e Relações de Gênero. Atualmente, é professora sênior, na pós-graduação, na pesquisa e na revista Educação e Pesquisa.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, a criação, ao lado da professora Cláudia Vianna, do grupo de pesquisas Estudos de Gênero, Educação e Cultura Sexual (1999). O grupo continua em atuação, já formou mais de 80 estudantes de graduação, mestrado, doutorado e pós-doutorado; e em 2020 lançou a coletânea “Gênero e Educação: 20 anos construindo conhecimento”, em comemoração às duas décadas de trabalho.
Também registrou que a principal homenagem que gostaria de receber da FEUSP seria a retomada do ensino e pesquisa sobre educação e relações de gênero no âmbito da faculdade, com a contratação de professoras com formação específica e experiência na temática, para atuarem na graduação e na pós, assim como na pesquisa e extensão.

Memória do Corpo Docente – Marília Azevedo Righi Badaró

MARÍLIA AZEVEDO RIGHI BADARÓ


(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Marilia Azevedo Righi Badaró nasceu em 18 de janeiro de 1947 na cidade de Taubaté, São Paulo.
Em 1968 licenciou-se em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Taubaté. Possui Habilitação em Orientação Educacional e em Supervisão Escolar de 1º e 2º graus (1971 a 1972) e Habilitação em Administração Escolar de 1º e 2º graus (1973 a 1974), pela mesma instituição. Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1981 concluiu seu Mestrado em História e Filosofia da Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP) e em 1989 Doutorado em História e Filosofia da Educação, pela mesma instituição.
Trabalhou como Professor I (1968) e Professor III (1969) na Secretaria de Estado dos Negócios da Educação de São Paulo; Professora na Escola Rural de Emergência do Bairro do Monjolinho, Taubaté (1965); Substituta efetiva na EEPG “Prof. Bernardino Querido”, Taubaté (1967); Professora na Escola Primária SESI nº 2140, Taubaté (1967); Professora efetiva (nomeada por concurso) na EEPG “Dom Pereira de Barros”, Taubaté (1968 a 1981) e no Instituto Diocesano de Ensino Santo Antônio, Taubaté (1970 a 1973), ministrando as disciplinas: Metodologia e Prática de Ensino;Psicologia e Psicologia da Criança. Também lecionou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Taubaté (1971 a 1975), ministrando a disciplina:Psicologia da Educação; na Universidade de Taubaté – Departamento de Pedagogia e Licenciaturas (1976/1994), ministrando a disciplina: Psicologia da Educação e no Departamento de Psicologia (1981/1986), com a disciplina: Psicologia da Aprendizagem.
Iniciou sua atuação docente, na Faculdade de Educação (FEUSP), em 1982 onde integrou o EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação, ministrando as disciplinas: EDF 141 e EDF 142 – Introdução à Psicologia da Educação (1982 a 1987); EDF 242 – Psicologia da Educação IV; EDF 345 – Psicologia da Educação I; EDF 288 – Psicologia da Educação; EDF 105 – Psicologia da Educação I; EDF 320 – Psicologia da Educação VII; EDF 315 – Psicologia da Educação VI, entre 1988 a 1994.
Orientou mestrandos, participou em bancas de Mestrado e exames de qualificação; Integrou comissões, inclusive da Pós-graduação; Participou de Seminário, Simpósios, Congressos e conferências como palestrante ou como participante. Aposentou-se em 1994.
Destacou todos os momentos, durante sua atuação na FEUSP, como mais marcantes, por sua interação com os alunos sempre ter sido satisfatória e gratificante, na medida em que atuavam em conjunto para solução de situações variadas, visando ao crescimento pessoal, social e profissional de todos eles.
Também registrou que lecionei para todos os níveis educacionais, desde alfabetização até a Pós-Graduação e no magistério exerceu sua vocação e conquistou plena realização pessoal e profissional. Registrou ainda, seus cumprimentos pela iniciativa e realização da pesquisa Registro Histórico por meio de Relatos Biográficos de Docentes Aposentados, que enriquecerá a memória da FEUSP.

Memória do Corpo Docente – Marieta Lúcia Machado Nicolau

MARIETA LÚCIA MACHADO NICOLAU

(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Marieta Lúcia Machado Nicolau nasceu em 11 de março de 1935 em São José do Rio Pardo, cidade do Estado de São Paulo.
Em 1972 formou-se em Pedagogia pela Faculdade de Educação (FE) da Universidade de São Paulo (USP), após um período de afastamento pelo nascimento de seu filho José Cícero e ter morando nos EUA. Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1982 concluiu seu Mestrado e em 1986 o Doutorado, ambos em Educação, pela FEUSP.
Possui Livre Docência pela FEUSP.
Trabalhou, entre 1953 a 1955, como professora substituta eventual em escolas da Vila Formosa e em outras escolas de Embu-Guaçu e Campo Limpo. Como professora efetiva, iniciou seu trabalho numa escola anexa ao Grupo Escolar de Embu-Guaçu. Nessa época, candidatou-se à seleção do Grupo Escolar Experimental Dr. Edmundo de Carvalho, para dar aulas para crianças de primeira série, tendo sido selecionada. Em 1962, seu marido José Nicolau ganhou uma bolsa da W.K.Kellogg Foundation para realizar curso de pós-graduação em Bioquímica Oral nos EUA, afastando-se por dois anos, para acompanhá-lo. No tempo que permaneceu em Chicago, fez estágios em algumas escolas observando os programas de educação compensatória; proposta de recuperação pedagógica e procedimentos usados em orientação educacional e supervisão. Ao regressar dos EUA em 1964, voltou ao Grupo Escolar Experimental para assumir a função de Orientadora Pedagógica e Educacional das primeiras séries. Em Leicester, na Inglaterra, acompanhando seu marido, estagiou na King Richard School e na Rockville Junior School. De volta ao Brasil, em 1973, assumiu a Coordenação Pedagógica e Educacional da Escola Experimental, até 1975. Neste ano, foi designada pelo Sr. Secretário de Estado da Educação de SP como membro de grupo responsável por elaborar o modelo pedagógico da pré-escola com os respectivos guias curriculares.
Assumiu, em 1975, a direção do Serviço de Educação Pré-Escolar, da Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP), concedeu entrevistas a emissoras de rádio e jornais como O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo e colaborou em publicações sobre Alfabetização, Estudos Sociais, Leitura e Recuperação.

Iniciou sua atuação docente na Faculdade de Educação (FEUSP) em 1982, onde integrou o EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação.
Atuando nas áreas sobre Objetivos Gerais da Educação; Idade Ideal para a Criança se Alfabetizar; Efeitos da Alfabetização Precoce; Prevenção e Diagnóstico das Dificuldades de Leitura e Escrita e a Estimulação da Criança pela Família e Escola. Orientou 54 trabalhos entre mestrado e doutorado. Foi membro do Conselho de Departamento; como membro da congregação, foi eleita suplente da Chefia do Departamento e membro e eleita Presidente da Comissão de Graduação. Ter sido presidente da Comissão de Biblioteca, nas palavras da biografada: “Permitiu-me estender meu aprendizado e, junto com os demais membros da comissão, poder criar melhores condições de apoio às aulas e à pesquisa, além da contínua busca do seu rico acervo.” Aposentou-se em 2005.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, o trabalho desenvolvido como coordenadora do Programa de Educação Continuada na formação de professores da rede pública. Em sua entrevista, transcreveu um trecho do livro Educação Pré-Escolar Fundamentos e Didática, escrito por ela, que expressa o que ainda pensa sobre educação infantil: “cada momento deve constituir para as crianças, uma vivência, cada objeto, um desafio, cada situação uma oportunidade de busca, experimentação, descoberta, o que em nosso entender só se torna possível mediante uma ação pedagógica, comprometida com a criança, suas características, necessidades e possibilidades e não com o conteúdo, que, nos níveis posteriores constituem objeto do ensino formal”.
Também registrou o apoio da Profa. Dra. Myriam Krasilchik, que tendo acompanhado sua trajetória na Educação, a incentivou a desenvolver as pesquisas de Mestrado e Doutorado.
Publicou os livros: Antecipação Da Escolaridade Modelo Pedagógico para o 1º Nível da 1ª série do ensino de 1º grau, Editora Secretaria de Estado da Educação (1980); Brinco Penso Aprendo, Editora Saraiva (1981); Subsídios Para A Implementação de Modelo Pedagógico para Educação Pré-Escolar, Editora Secretaria de Estado de Educação (1982); Recursos Didáticos Para a Pré-Escola, Editora Secretaria de Estado da Educação (1982); Alfabetizando com Sucesso, Editora EPU (1986); Corta Recorta, Editora Ática (1987); A Educação Pré-Escolar, Editora Ática (1988); A Educação Pré-Escolar. Fundamentos e Didática, Editora Ática (1999); Textos Básicos de Educação Pré-Escolar, Editora Ática (1990); Educação Artística da Criança: Plástica e Música, Editora Ática (1993); Novos Rumos, Novos Olhares Programa de Educação Continuada. PEC/USP, Editora Livraria da Física (2012).

Memória do Corpo Docente – Maria Felisminda de Rezende e Fusari

MARIA FELISMINDA DE REZENDE E FUSARI


(Minibiografia baseada em informações contidas no Memorial pessoal, disponível em: https://lumeuepg.com.br/memoriamariazinhafusari/ )


Maria Felisminda de Rezende Fusari, nasceu em 10 de novembro de 1940.
Formou-se em Música, Pedagogia e Artes Plásticas. Mais tarde especializou-se em Recursos Audiovisuais pelo Centro Regional de Pesquisas Educacionais (São Paulo) no ano de 1967 e em Técnicas Modernas de Educação pela École Normale Supérieure de Saint Cloud (Paris) entre os anos de 1977-1974. Cursou o mestrado em Psicologia Escolar, entre 1977 e 1982, no Instituto de Psicologia da USP. De 1983 a 1989, esteve envolvida com a obtenção do título de Doutora em Ciências (Psicologia), pela mesma instituição.
Conhecida como Mariazinha Fusari, arte-educadora e professora da USP, co-fundadora do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE-USP). É considerada uma das referências em educação, comunicação e arte: seus projetos e pesquisas ampliaram debates sobre a relação entre mídia e infância.
Em homenagem a ela, disponível no site Scielo, Geraldina Porto Witter escreveu: “Ao mesmo tempo que cuidava de sua formação de forma contínua, Mariazinha iniciou-se na vida profissional como educadora competente e capaz de ensinar o aluno a amar o aprender. Nos primeiros tempos (1956- 1969) levou sua contribuição ao pré-primário, à educação fundamental e ao ensino médio. Teve uma experiência variada e rica. Depois, voltou-se para o ensino superior, espaço em que contribuiu de forma significativa tanto na graduação como na pós-graduação, tendo iniciado sua carreira, neste nível de ensino, em 1968 na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae. Lecionou em várias escolas até sua atuação estabilizar-se na Faculdade de Educação da USP. Sempre voltada para os meios e recursos de ensino e seu impacto, o cuidado voltado para a formação do educador.
Sua atuação na pós-graduação na ECA USP e na própria Faculdade de Educação da USP manteve-se na mesma temática tendo início em cursos lato senso (1989) e posteriormente em stricto senso (1990).
Também contribuiu ao longo de sua carreira em cursos de extensão e de aperfeiçoamento, atualização e difusão cultural. Foram reflexos de sua preocupação de integração Universidade-Sociedade, de levar mais longe o saber gerado na Universidade.

Como pesquisadora, além da dissertação e da tese trabalhou em vários projetos sempre envolvendo ensino, tecnologia e comunicação. Participou de projetos em equipes com financiamento ou sem financiamento, nacionais e internacionais, ao mesmo tempo que não se descuidou da pesquisa individual.
Como Orientadora auxiliou no desenvolvimento de pessoas que orientou em nível de iniciação, aperfeiçoamento, mestrado, doutorado e mesmo de pós-doutorado.
Certamente, todos lhe são gratos pelo que puderam aprender com ela. Também colaborou com sua análise crítica na participação de muitas bancas como examinadora: 30 de qualificação para o Mestrado, 36 Mestrados, 18 de qualificação para o Doutorado, 26 Doutorados, além de outras.”
Faleceu em 1999.

Memória do Corpo Docente – Maria Thereza Fraga Rocco

MARIA THEREZA FRAGA ROCCO


(Minibiografia baseada em informações contidas no Currículo Lattes.)


Maria Thereza Fraga Rocco possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo (1963), mestrado em Educação pela Universidade de São Paulo (1975) e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo (1981). Fez cursos de pós-graduação na Universidade de Paris e junto ao Institut Nacional de Rechesches Pédagogiques “INRP) de Paris. Foi o único membro não europeu do Grupe Européen de Rechesches Interdisciplinaires (GERI ). Suas áreas de atuação foram: Educação, com ênfase em Tópicos Específicos de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: meios , linguagem e aprendizagem, literatura, arte e educação.
Iniciou seu trabalho como docente na Faculdade de Educação da USP em 1970, onde integrou o EDM – Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada.
Foi professora titular da FEUSP e diretora executiva da Fundação Universitária Para o Vestibular (FUVEST). Durante sua vida acadêmica, orientou várias de teses de doutorado e de mestrado junto à USP.

Memória do Corpo Docente – Maria José Beraldi Andersen

MARIA JOSÉ BERALDI ANDERSEN

(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Maria José Beraldi Andersen nasceu em 02 de janeiro de 1945 em Jaboticabal, São Paulo.
Em 1969 licenciou-se em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1978 concluiu seu Mestrado em Psicologia Escolar pelo Instituto de Psicologia (IP) da USP e em 1986 Doutorado em Ciências – Psicologia Escolar, pela mesma instituição.
Trabalhou como professora do ensino fundamental pelo Colégio Estadual “Aurélio Arrobas Martins” de Jaboticabal (1962); professora substituta na escola anexa da mesma instituição (1962 a 1965); professora efetiva na Escola Estadual Isolada “Diamante”, em São Joaquim da Barra/SP e professora universitária na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e na Faculdade São Marcos, nas áreas de Psicologia Educacional e Social (1972 a 1982).
Iniciou sua atuação na Faculdade de Educação (FEUSP) em 1973 como auxiliar de ensino, em RTC, junto ao EDF – Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação e, posteriormente, como docente ministrou as disciplinas: Psicologia da Aprendizagem e Psicologia do Desenvolvimento para alunos do curso de Licenciatura.
Participou de Comissões, Bancas de Mestrado e Doutorado, Congressos e Publicações.
Permaneceu na FEUSP até 1991.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, o contato com os alunos do curso de Licenciatura, provenientes das áreas de exatas, humanas e biológicas. Esta heterogeneidade propiciou uma rica troca de experiências, debates, críticas e questionamentos, criando uma dinâmica muito produtiva em sala de aula. A FEUSP, na época, atendia mais de mil alunos, oriundos de diversos cursos da Universidade.