Memória do Corpo Docente – Cynthia Pereira de Souza

CYNTHIA PEREIRA DE SOUSA

(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo a história da FEUSP” no ano de 2021.)


Cynthia Pereira de Sousa nasceu em 17 de dezembro de 1946, em São Paulo, onde sempre viveu.
Em 1970 formou-se em Pedagogia pela Faculdade de Educação (FEUSP) da Universidade de São Paulo (USP). Egressa da escola pública Instituto de Educação Prof. Alberto Conte, no bairro de Santo Amaro, contou que o vestibular, na época (1965/1966), era feito no próprio espaço ocupado pelo Curso de Pedagogia, elaborado, aplicado e corrigido pelo seu corpo docente, com provas escritas dissertativas e exames orais de Português, História e uma língua estrangeira. Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1981 concluiu o Mestrado em Educação e em 1988 doutorou-se em Educação pela FEUSP. Obteve sua Livre-Docência no ano 2000 pela Faculdade de Educação.
Trabalhou como professora e diretora na rede municipal de São Paulo e como auxiliar de ensino no Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da FEUSP, dando aulas e corrigindo trabalhos, nos anos 70.
Iniciou sua atuação docente na FEUSP em 1981 onde integrou o EDF Departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação, ministrando as disciplinas História da Educação Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, e depois em História da Educação Brasileira, disciplina que ajudou a criar. Desde 1991, participou de reuniões do grupo interdepartamental com o objetivo de criar o Centro de Memória da Educação, instalado em 1993, para abrigar documentos, materiais e pesquisas acerca da História da Educação Brasileira. Entre 2005 a 2007 foi vice-coordenadora da Comissão de Pós-Graduação, juntamente com a Profa. Denice Barbara Catani. Aposentou-se em 2007.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, seu primeiro projeto de pesquisa aprovado pelo CNPq, a partir de 1992, com bolsa de pesquisa individual, sobre As Representações de Leitura entre os Católicos e a Formação do Público Leitor Feminino. E outros projetos desenvolvidos em parceria com a professora Denice Barbara Catani, entre eles Imprensa Educacional Paulista (1890 a 1996), com financiamento da FINEP; a criação do Grupo de Estudos sobre Docência, Memória e Gênero (GEDOMGE) e a organização de um seminário, com o mesmo título, que contou com a participação de pesquisadoras e pesquisadores de várias partes do Brasil, acerca de estudos alternativos sobre formação continuada de professores. Entre 1994 a 1998, desenvolveu um grupo de trabalho com professoras da rede pública e alunos da Pós-Graduação. O grupo trabalhou com a construção de uma proposta de formação continuada para o magistério e de estímulo a experiências de pesquisa desenvolvidas pelos mestres na sua vida docente. Como decorrência desses estudos, elaborou um curso sobre “A escrita autobiográfica de formação”, no âmbito do Projeto Universidade Aberta à Terceira Idade (1998 a 1999).
Ainda destacou os projetos binacionais realizados durante sua atuação na FEUSP:
Entre 2003 a 2006, desenvolveu o “Um estudo comparativo sobre o processo de construção da categoria alunos, nas estatísticas educacionais, no Brasil e em Portugal (1890-1990)”, estudo analítico sobre a história e comparação da realidade escolar portuguesa e brasileira, por meio do levantamento de dados censitários e estatísticas nacionais e internacionais. Examinando os processos por meio dos quais as crianças foram sendo transformadas em alunos na escola de massas, como elas foram sendo configuradas em uma norma de aluno: o aluno-padrão, o aluno-referência.
Na sequência, entre 2006 e 2009, seu segundo projeto binacional teve como foco “Estudos comparados sobre o discurso jurídico e a modernidade pedagógica, no Brasil e em Portugal (1820-1920)”. O projeto inscreveu-se no âmbito de um projeto mais amplo intitulado “Arqueologia da Educação Moderna: estudos comparados sobre o discurso pedagógico, no Brasil e em Portugal (1820-1920)”, com o objetivo de demonstrar como ao longo do século XIX e do início do século XX, a educação e todas as questões a ela ligadas tornaram-se objeto do exame e da atenção de um conjunto de especialistas de diversos campos do conhecimento, tais como a Filosofia, o Direito, a Medicina, a Política e como essa produção discursiva ajudou a constituir o próprio campo da Educação, que pouco a pouco adquire autonomia.
A última pesquisa, entre 2009 e 2012, seguiu novos caminhos e trabalhou com “Ciência, gênero e educação: cenários da inserção da mulher no campo científico (1995-2010)”. Abordando o tema pouco explorado da inserção feminina no campo científico em diferentes países. Pretendeu-se examinar o corpus documental (composto por livros, coletâneas, artigos em coletâneas, publicações oficiais, etc.) em duas dimensões: a interna de cada país e a externa, entre os países.