Memória do Corpo Docente – Bernardo Issler

BERNARDO ISSLER

(Minibiografia baseada em entrevista concedida ao projeto “Registro histórico por
meio de relatos biográficos de docentes aposentados: valorizando e reconstruindo
a história da FEUSP”, por telefone em 29 de março de 2022 à pesquisadora
Vanessa de Jesus Campos.)

Bernardo Issler nasceu em 22 de janeiro de 1933 em Porto Alegre.
Em 1960 formou-se em História e Geografia pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (atual FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Prosseguindo sua formação acadêmica, em 1974 concluiu o Doutorado em Geografia e Estudos Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, em Presidente Prudente.
Trabalhou como professor do ensino secundário durante sua graduação. Na época, estudantes da USP podiam lecionar no ensino público, a partir do 3° ano da faculdade, mediante autorização da delegada de ensino, que no período era Marina Cintra.
Iniciou sua atuação docente na Faculdade de Educação (FEUSP) após sua formação, como Professor Assistente na categoria extra-numerário, sem vencimentos, tendo como Professora Titular Amélia Americano Franco Domingues de Castro . Após a Constituição de 1988, ganhou estabilidade. Integrou o EDM – Departamento de Metodologia de Ensino e Educação Comparada , ministrando a disciplina: Prática de Ensino de Geografia.
Destacou como momentos mais marcantes, durante sua atuação na FEUSP, a apresentação dos relatórios que seus alunos apresentavam em sala, após terem assistido ou dado aulas de formação.
As aulas práticas de ensino de geografia eram ministradas no prédio do curso de Geografia e História, próximo da Faculdade de Educação. Particularmente, o curso de Geografia e História sofreu uma interferência, sendo muito vigiada, por ser responsável pela formação dos futuros professores. Além da Geografia e História, a faculdade de Arquitetura e Urbanismo era visada pelos militares.
Para exemplificar a presença militar nesse período, sobretudo disfarçados como alunos, contou dois casos: O primeiro foi sobre uma viagem para o litoral de São Paulo com os alunos de graduação para realizarem estudo do meio. No caminho da estrada velha de Santos, a Polícia Rodoviária parou o ônibus e um dos oficiais havia sido seu aluno na faculdade. Permitindo que seguissem viagem, enviou um batedor à frente para escoltar o ônibus até seu destino. O outro caso aconteceu em sala de aula quando, ao marcar uma data de prova, um aluno, ao final da aula, informou que não poderia estar no dia da prova pois era militar e estaria de plantão no dia.
Como não estava em tempo integral na USP, lecionou, em cursos de graduação e pós-graduação em outras faculdades, como a Cásper Líbero, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, onde foi diretor da Faculdade de Comunicação. Nessas escolas, foi docente de Cultura Brasileira e Geografia Econômica.