Memória do Corpo Docente – Amélia Domingues Americano de Castro

AMÉLIA DOMINGUES AMERICANO DE CASTRO

Amélia Domingues Americano de Castro nasceu em 27 de dezembro de 1920 na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1941 licenciou-se em Geografia e História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL/USP), foi aluna de professores que atuaram na fundação desta universidade, como Francisco da Silveira Bueno e Eurípedes Simões de Paula. Durante a graduação foi professora no cursinho preparatório para ingresso na universidade, ao concluir a licenciatura passou a integrar a Cadeira de Didática Geral e Especial da FFCL/USP como professora assistente substituta no mesmo ano em que se formou, com apenas 21 anos de idade. Em 1950 concluiu o Doutorado em Educação na FFCL/USP ao defender a tese intitulada “Princípios do método no ensino de
História”. Após doutorar-se, realizou uma nova licenciatura, dessa vez em Filosofia. O curso foi concluído em 1953, pela mesma faculdade.
Na Faculdade de Educação integrou o EDM – Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada e em sua atuação docente na Universidade de São Paulo ministrou as disciplinas: Didática Especial de Geografia e História (1941 a 1961); Didática Especial de Filosofía (1953 a 1961) e Didática Geral, de 1956 até sua aposentadoria na USP. Em 1966, participou da instalação do primeiro “Curso de Pós-Graduação em Metodologia do Ensino Médio” da Universidade de São Paulo e foi Diretora do Colégio de Aplicação em 1961, além de ter dirigido o Serviço de Orientação Pedagógica que nele funcionava. Em 1963, obteve a livre-docência na FFCL da USP, com a tese “Bases para uma Didática do Estudo”.
No livro Mulheres inovadoras no ensino (São Paulo, séculos XIX e XX), organizado pelas professoras Diana Gonçalves Vidal e Paula Perin Vicentini, em sua homenagem Katiene Nogueira da Silva escreve: “Trabalhando na Cadeira de Metodologia Geral do Ensino em um momento no qual a mesma era composta, em sua maioria, por licenciados, especialistas provenientes de todas as seções da FFCL, atuou junto à formação didática do grupo mediante a organização dos “Seminários de Didática”, nos quais era dada ênfase ao estudo das bases psicogenéticas da Didática. Leitora ávida de autores escolanovistas europeus como Édouard Claparède e Jean-Ovide Decroly, e americanos, como John Dewey e Willian Heard Kilpatrick, Amélia ainda foi uma das pesquisadoras pioneiras a difundir as ideias de Jean Piaget no Brasil. É importante ressaltar, neste aspecto, o seu trabalho de articular a teoria de Piaget à prática pedagógica. Influenciados pelo Movimento da Escola Nova e as teorias psicológicas vigentes na época, juntamente com Onofre de Arruda Penteado Júnior, também professor de Didática da FFCL, a professora integrou o grupo de docentes que analisou a obra de Hans Aebli, que propunha a aplicação da teoria piagetiana à didática.
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Seus trabalhos sobre as bases psicogenéticas da Didática até hoje constituem referência na área. De 1994 a 2000, a professora foi conselheira do Conselho Municipal de Educação. Construindo uma carreira no ensino superior que lhe trouxe reconhecimento em várias instâncias, dada sua atuação tão significativa tanto no ensino, quanto na pesquisa e na extensão, cabe ressaltar ainda que é o único caso de docente a receber o título de “Professor Emérito” pelas três Universidades estaduais paulistas: USP, UNESP e UNICAMP.”
Em 1984, a professora tomou posse na Academia Paulista de Educação, titular da cadeira Nº 22, que tem como patrono Padre Manoel de Nóbrega.
Faleceu em 30 de agosto de 2020.