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Evento

 
9º Colóquio Internacional do LEPSI / 4º RUEPSY | Retratos do mal-estar contemporâneo na educação
Período: 18/10/2012 a 20/10/2012

Anais do Evento

ISBN: 978-85-60944-62-0
Editor(a): Rinaldo Voltolini

Índice
Título: CINEMA NA ESCOLA: UM DISPOSITIVO POSSÍVEL PARA A CONSTRUÇÃO DE EXPERIÊNCIAS
Autor: Alice Silva Umpierre
E-mail: alice.umpierre@gmail.com
Instituição: UFRGS
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Este trabalho¹ consiste no relato de uma experiência de pesquisa e extensão que vem sendo desenvolvida junto a adolescentes de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental do arquipélago da cidade de Porto Alegre.

O objetivo da investigação/ação é experimentar os efeitos que advém do encontro do tripé psicanálise, educação e cinema. As narrativas fílmicas, da mesma forma que outras narrativas da cultura, são, cada vez mais, responsáveis por levar às massas aspectos da cultura e perspectivas diversas acerca dos valores do mundo. Além disso, o desenvolvimento de todo o aparato técnico do cinema tem possibilitado, através da riqueza imagética e da tecnologia, a expressão de questões e reflexões em âmbitos extraordinários. Porém, o uso das narrativas fílmicas ainda é tímido. A utilização de filmes como ilustração dos conteúdos costuma ser o modo mais frequente de interação com a linguagem do cinema na escola. A instituição escolar, ao utilizar o cinema como uma figuração daquilo que está sendo “ensinado”, pode acabar empobrecendo a dimensão da experiência ética e estética, deixando passar uma série de nuances que a linguagem da sétima arte tem possibilidade de oferecer.

A ideia, portanto, desta intervenção é que se resgate a dimensão potente do cinema enquanto transmissor da experiência e não como mais um meio pelo qual um saber único e absoluto é partilhado. Para tal, temos, ao longo dos últimos meses, proposto sessões de filmes e discussões a duas turmas da 6° série e do 6° ano da escola. Nesses espaços, temos construído algumas noções sobre os possíveis enlaces do cinema com a experiência – no sentido que lhe dá o filósofo Walter Benjamin – e com a construção de narrativas por parte dos adolescentes.

Acreditamos que através de filmes que falam da diversidade da vida – com seus impasses e possibilidades – e que produzem múltiplos discursos, torna-se possível provocar a imaginação, o devaneio, além de reflexões éticas sobre a vida. Busca-se, portanto, fazer uso do cinema como ferramenta para pensar as diversas cenas familiares, sociais, amorosas e escolares que habitam a realidade psíquica de um adolescente.



¹ Este trabalho deriva dos estudos do NEPEIA- Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Infância e Adolescência e é realizado via a parceria com uma Equipe de Saúde da Família (AHMV/RS).

  
Título: Vicissitudes da transferência na relação professor-aluno adolescente na atualidade
Autor: Aline Rodrigues
E-mail: rs.aline@yahoo.com.br
Instituição: Instituto Superior de Eduacação de São Paulo - Singularidades
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  O conceito transferência é um termo psicanalítico utilizado por Freud pela primeira vez em sua obra “A interpretação dos sonhos”, em que ele se refere a esse conceito como sendo uma manifestação do inconsciente que está presente em todas as relações humanas, consistindo na reedição de vivências passadas, geralmente relativas às figuras parentais, as quais são experimentadas na atualidade com a figura do analista. Ao longo dos anos a noção de transferência foi se modificando a ponto de ser considerada não mais como exclusividade do enquadre clínico, mas podendo ser pensada como transferência de trabalho, sendo admitida também no âmbito educacional, estando presente na relação professor/aluno.  Neste sentido, ao direcionar seu desejo ao professor o aluno faz um deslocamento do seu desejo para que haja uma nova significação do interesse desejado, ou seja, o aluno se prende  a um ideal que ele precisa compreender, o que desperta o seu desejo de saber sobre aquilo que lhe é transmitido acerca do conhecimento pelo professor. Nessa relação se desencadeia o que Kupfer (2001) denominou de transferência de poder, em que o professor se torna o depositário das projeções do aluno, de maneira a ser investido de forma inevitável de uma importância especial para o outro, passando a fazer parte do cenário inconsciente do aluno, abrindo espaço para que se desenvolva uma relação de ensino-aprendizagem pautada em ideais simbólicos ou imaginários, a depender do posicionamento do professor diante dessa demanda. Assim, o que nos propomos a discutir diz respeito à qualidade dessa relação de transferência na atualidade, sobretudo quando se trata do trabalho com adolescentes e quando nos deparamos com algumas mudanças trazidas pelo advento da contemporaneidade que apontam para a sobreposição de ideais imaginários em relação aos ideais simbólicos, implicando no declínio da imago paterna e, consequentemente, comprometendo também o valor outorgado à figura do professor e o modo como os valores que transmite são percebidos pelos alunos.
Título: Adolescência no crime: considerações sobre a transmissão do pai
Autor: Aline Souza Martins
E-mail: alinesouza.martins@gmail.com
Instituição: Universidade de São Paulo
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Pensar a adolescência exige uma reflexão sobre a interação entre eu ideal e Outro, a operação adolescente é justamente fazer essa transposição entre o Outro familiar para o Outro social, na qual a educação tem papel central. A adolescência como sintoma é a possibilidade de fazer algo com o pai dado, um ultrapassamento pela perversão do pai e servir-se dele como sinthome, orientando o sujeito adulto no desejo. O mito do herói pode dar suporte a esse lugar de outro/Outro, emprestando seu corpo para que o adolescente faça uma versão singular de pai. O que fazer, entretanto, quando o pai e esse mito são anti-heróis, criminosos ou traficantes? Quando a educação perpassa leis familiares que contradizem as leis do código civil? Álvaro, um adolescente que cumpre medida socioeducativa, possui 17 anos e diversos atos infracionais desde os 12. O pai e o irmão estão presos por tráfico de drogas há cerca de 5 anos. Fica evidente que há uma transmissão pelos depoimentos “é a mesma coisa (...) é normal. Ele errou e eu também”, “meu pai tá preso (...), meu irmão tá preso e agora eu”. O ideal de eu é formado por valores relacionados às leis do crime em paradoxo constante com as leis sociais. O papel dos educadores e técnicos pode ser orientado no sentido de inserir pontos de indeterminação na identificação maciça com pai, preservando os aspectos da transmissão que apontem para uma saída que possibilite amar e trabalhar.  Irrealizar o crime para que o sujeito possa perverter o pai construindo a partir de então um outro mito ao qual não se estaria tão assujeitado.

Palavras chave: adolescência, transmissão e crime

Autores: Aline Souza Martins e Sanderson Nascimento Soares
Título: Plantão Institucional: uma modalidade de intervençao no mal estar contemporâneo na educação.
Autor: Ana Beatriz Coutinho Lerner
E-mail: anabcoutinho@yahoo.com.br
Instituição: IPUSP
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PLANTÃO INSTITUCIONAL: UMA MODALIDADE DE INTERVENÇÃO NO MAL ESTAR CONTEMPORÂNEO NA EDUCAÇÃO

AUTORES:

Ana Beatriz Coutinho Lerner

Paula Fonseca Fontana

Yara Sayão



O Plantão Institucional é um serviço oferecido pelo Serviço de Psicologia Escolar do IP-USP para grupos de profissionais que trabalham na interface da Psicologia com os campos da Educação, da Saúde Mental e Assistência Social. Criado em 1997, o Plantão Institucional já atendeu mais de sessenta instituições, dentre as quais se encontram escolas públicas de ensino fundamental e educação infantil, equipamentos de complementação à escola, casas-abrigo e equipes multidisciplinares ligadas às Secretarias Municipais de Educação e Saúde de diversos municípios. Tem como objetivo incidir sobre o engendramento de sentidos produzidos socialmente pelos profissionais que atuam no campo e que, muitas vezes, fazem obstáculo ao seu fazer cotidiano e concorrem para a produção do mal-estar contemporâneo na educação. Nossa hipótese de trabalho é de que a oferta de um espaço de fala e de interlocução para esses profissionais promove a mobilização do desejo implicado na ação educativa, um reposicionamento do sujeito diante das questões suscitadas pelo trabalho e a ampliação do repertório de estratégias criadas, individual e coletivamente, para o enfrentamento das dificuldades que emergem no campo educativo.

Quinze anos após a criação do Plantão Institucional, pretendemos com esse texto revisitar os fundamentos teórico-práticos desse dispositivo de escuta e trazer ao plano de análise alguns recortes do trabalho institucional para analisar os efeitos dessa modalidade de intervenção diante do mal estar contemporâneo na educação.



           

 

  

  

  

  

  
Título: AGRESSIVIDADE ENTRE PARES NA ESCOLA: EXCESSO DE INTOLERÂNCIA
Autor: Ana Maria Moraes Fontes
E-mail: afontesjf@uol.com.br
Instituição: Universidade Federal de Juiz de Fora
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  O que contribui para o excesso de agressividade entre pares que verificamos na atualidade, o assim chamado bullying? Pois, não podemos deixar de constatar estarmos diante de uma crescente intolerância que se manifesta nas relações das crianças e dos adolescentes com seus pares. Embora, possamos reconhecer que um tanto de agressividade, motivada por um tanto de intolerância, sempre permeou as relações, inclusive as dos mais jovens. Esta foi a questão que conduziu nossa pesquisa, que vem sendo realizada desde agosto de 2011.  A interpretação usual e imediatamente oferecida é a de que crianças e adolescentes expostos a situações de agressividade familiar, social ou midiática tornam-se agressoras e que as vítimas destas agressões ficam definitivamente instaladas neste lugar, ou seja, de quem sofre uma agressão sem qualquer responsabilidade subjetiva pelo que aconteceu. Deixamos de lado explicações tão fáceis e nos pusemos a pensar o motivo pelo qual estamos, na atualidade, diante de um incremento da intolerância que conduz o espaço escolar a uma convivência com atos que até bem pouco tempo eram aceitos como fazendo parte da dinâmica das relações entre pares e hoje são inaceitáveis. Para Freud (1930), quanto mais se exige do homem um comportamento “bom”, mais se incentiva o “mau” comportamento. E ele diz que o que procuramos ignorar é que, “O elemento de verdade por trás disso tudo, elemento que as pessoas estão dispostas a  repudiar é que os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas e que, no máximo,  podem defender-se quando atacadas; pelo contrário são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa cota de agressividade.” (p. 133) Trataremos, então, desta necessária agressividade dos homens conforme Freud nos ensinou e da exacerbação dela, na forma da agressividade entre pares - o bullying - na nossa sociedade, hoje com uma característica tão mais narcisista e especular.
Título: A PSICANÁLISE NOS CURSOS DE PEDAGOGIA
Autor: André Júlio Costa
E-mail: ajuliocosta@hotmail.com
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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Nos anos de 1920, como várias outras disciplinas das ciências humanas e sociais, a psicanálise encontrou solo fértil no território nacional, quando a sociedade brasileira vivia transformações culturais e sociais. Nesse cenário da modernidade, as teorias freudianas encontraram espaço no âmbito da educação escolar, principalmente, na compreensão dos problemas de aprendizagem. A psicanálise se apresenta ao lado da Escola Nova que mudou o foco do “ensinar” para o “aprender”, deslocando a centralidade do professor para o aluno. Justamente nessa época o Brasil viveu o movimento higienista, que teve uma enorme influência na educação, já que também se encarregou de tratar as dificuldades escolares das crianças. À época, entre os anos 20 e 30, os que faziam uso da psicanálise não tinham como fim compreender a criança enquanto um sujeito de desejo, mas apresentavam-na como modo de intervenção profilática e adaptativa. A preocupação era que a criança tivesse um desenvolvimento sexual saudável. Autores como Arthur Ramos, Deodato de Moraes, entre outros, tinham a psicanálise como um sistema teórico passivo de ser aplicado à educação. O curso de pedagogia, por sua vez, teve seu início no ano de 1939, em meio a esse movimento da psicanálise e educação no Brasil. Herdeiro do curso normal, a pedagogia teve como uma das principais disciplinas o estudo da psicologia, lugar em que a psicanálise foi “encaixada”. Ela era tratada nos curso de pedagogia, desde sua criação, como uma teoria desenvolvimentista, preocupando-se principalmente com as fases do desenvolvimento sexual da criança. A psicanálise permaneceu assim até os anos de 1980, quando o aumento de estudos na área e a interrogação dos modelos racionalistas de ciência trouxeram à luz as mais fecundas contribuições da psicanálise para a educação. A partir daí, a psicanálise deixa de ser uma teoria que fala sobre a educação e se coloca no embaraço de processos educativos, entre os quais, as manifestações da sexualidade, o entendimento da criança-sujeito e a subjetividade do professor. Porém, recusando o lugar de uma “aplicabilidade” meramente racional, a psicanálise encontra resistências no que se refere a currículos, práticas e discursos pedagógicos. Eis o que pretendemos abordar com base na pesquisa de mestrado financiada pelo CNPq e orientada pelo prof. Marcelo R. Pereira/UFMG.
Título: FAMÍLIA E VIDA ESCOLAR DE ADOLESCENTES
Autor: Andre Soares da Cunha
E-mail: andrescunha@yahoo.com.br
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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A comunicação pretende analisar se existem consequências na vida escolar de adolescentes a partir do modo das suas configurações familiares. A questão é abordada pelo viés da psicanálise e tem como ponto de partida a evolução do conceito de Pai e do declínio da imago paterna nas obras de Freud e Lacan. A proposta de pesquisa tem origens no cenário de mal-estar na educação observado a partir da experiência do pesquisador como professor de História nas redes pública e particular de ensino. Dentre as diversas situações, destaca-se o discurso usual neste ambiente que relaciona diretamente problemas vivenciados no ambiente educacional e a falta da figura paterna no meio familiar de alguns dos alunos. A partir dos conceitos da psicanálise de orientação lacaniana, pode-se afirmar que o fato exclusivo de uma criança não pertencer a um núcleo familiar dito nuclear não é necessariamente determinante em sua vida. Por isso, questiona-se: será mesmo que aqueles alunos provenientes das novas configurações familiares, por esse motivo, contribuem para o aumento dos problemas na escola? Para tentar responder a tal inquietação, busca-se algum entendimento sobre situações que podem influenciar a vida escolar de adolescentes provenientes de famílias ditas não tradicionais.  A escolha dos sujeitos foi feita a partir de indicações dos dirigentes de escolas públicas e privadas do município de Piumhi-MG. Além disso, foi realizada uma análise documental dos alunos. O cruzamento das informações das duas fontes de dados possibilitou a escolha dos sujeitos: 7 (sete) adolescentes que fazem parte de uma família dita não tradicional e que apresentam rendimento e disciplina dentro do esperado pela comunidade escolar e 7 (sete) alunos provenientes das novas configurações familiares e com características fora do esperado por esta mesma comunidade. As entrevistas semi-estruturadas com os adolescentes foi outro instrumento usado como coleta dos dados para a pesquisa. Este trabalho é fruto de uma pesquisa de Mestrado, em andamento, com bolsa Reuni, sob a orientação do Professor Marcelo Ricardo Pereira, da UFMG.  

  

  

  

  

  
Título: INIBIÇÃO DO PENSAMENTO: ENTRE DEMANDA E DESEJO
Autor: Andréia Tenório dos Santos
E-mail: terrandreia@gmail.com
Instituição: Universidade de São Paulo - Faculdade de Educação
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Talvez o cerne deste trabalho esteja no sentido da própria palavra “inibição”, minha ideia, portanto, é destrinchá-la. Assim, se decomposta a palavra inibição, teremos: “inibir” + “ação”: inibir uma ação, isto é, uma certa ação está/foi inibida. Aqui a ação em xeque é a do pensar, mais precisamente, o ato de pensar/pensamento é que está inibido. No dicionário Aulete, “inibição é a ação ou resultado de inibir-se”. É possível ler isso da seguinte forma: ação indicando algo da ordem de uma atividade, já resultado, uma passividade, ou seja, o efeito de uma ação. É importante considerar, entretanto, que também na passividade existe um grau de atividade. No estado de passividade, o sujeito não estaria executando uma ação, mas sofrendo-a, sofrendo os efeitos dela e, nesse caso, estaria ele sendo permissivo a isso, sendo, portanto, “ativo”. Se assim o for, seria possível considerar que a palavra inibição também carrega algo de passividade? Um sujeito “passivo” diante de algumas ações que, aparentemente, lhe são alheias? A palavra inibição encerraria em si um paradoxo? A grande questão que se coloca é a de que a ação de pensar, mais precisamente, o ato de pensar implica necessariamente uma “atividade”, um sujeito ativo: uma tomada de partido, uma implicação por parte desse sujeito. De partida, então, é importante colocar algumas questões basculares: “O que estaria por trás de uma inibição do pensamento?”, ou ainda, “O que faz um sujeito inibir-se?”. A inibição é do pensamento ou do sujeito? O Outro teria parte na inibição do sujeito? A inibição seria a revelação de um mal-estar? Na tentativa de esboçar algumas respostas para as questões colocadas e no intuito de ilustrar como se caracteriza a inibição do pensamento, me ampararei na teoria psicanalítica e em dois fragmentos clínicos. A proposta é fazer um “entrecorte” discursivo entre teoria e clínica, clínica e teoria.

  

  

  

  

  

  

  
Título: UM LUGAR PARA O SUJEITO NO ENSINO DA MEDICINA
Autor: Beatriz Cauduro Cruz Gutierra
E-mail: bccgutierra@hotmail.com
Instituição: UNINOVE
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   UM LUGAR PARA O SUJEITO NO ENSINO DA MEDICINA

Autoras: Beatriz Cauduro Cruz Gutierra (doutora USP e docente UNINOVE),        Manuella Xavier Braga (Psicóloga), Paula Tatiane Pereira Santos ( Psicóloga)

    Nosso trabalho consiste em uma reflexão acerca do ensino da medicina nos primeiros anos da formação médica e os efeitos deste modo de ensino no estilo de atuação do futuro médico. Discutiremos vinhetas do Grupo de Reflexão – Medicina , e agora? realizado junto aos alunos ingressantes do Curso de Medicina numa universidade de São Paulo. Neste inicio de curso os jovens sofrem um grande impacto, devido a necessidade de criação de novas estratégias de estudo e de lidar com a pressão dos professores e avaliações. Com base na escuta psicanalítica realizada por alunos concluintes do curso de Psicologia, buscou-se ofertar um espaço de fala e intercâmbio entre os estudantes sobre as questões que os afligiam o que permitiu que simultaneamente pudéssemos refletir sobre o estilo de transmissão da medicina e suas conseqüências.  

Nota-se que a medicina contempla as três fontes do mal-estar na civilização assinaladas por Freud (1930) – o próprio corpo, o mundo externo e o relacionamento com os outros homens. Assim, sua transmissão inclui não apenas os conhecimentos teóricos, mas também as estratégias que se criaram no campo médico para lidar com o mal-estar. Se por um lado este mal-estar abriu espaço para enigmas  que instigam o avanço da medicina, tal qual o discurso da histérica promoveu o avanço da psicanálise; por outro, se este saber se apresenta na transmissão como um saber universitário, estático, temos como conseqüência um estilo de transmissão que “escraviza”, à maneira do discurso do mestre. O estudante se transforma num a-studante (trocadilho francês em Lacan, seminário 17), ou seja, torna-se puro objeto sendo sua singularidade expelida do aprendizado, restando a ele assumir dogmaticamente os conteúdos transmitidos. Estas estratégias de lidar com o mal-estar impressas na transmissão não são sem conseqüências para o estilo de atuação do futuro médico... Assinalamos, como conclusão, a importância de haver no curso de medicina um lugar para o sujeito e seu discurso, seja através de grupos de acolhimento e incluída na dinâmica de transmissão de saber no interior do curso de medicina. Afinal, “todos os avanços médicos não sanam o mal-estar” (Freud, 1930,p. 107), no entanto, diante disto, o médico não precisa se transformar num “deus de prótese” (Freud, 1930, p. 111).

Bibliografia –

FREUD, S. (1930 [29]). O mal-estar na civilização. Trad. sob a direção de J. Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1987. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 21).

LACAN, J. (1969-70). O seminário XVII: O avesso da psicanálise. Texto estabelecido por J.-A. Miller. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992.

  
Título: JÓVENES ¿VIOLENTOS?…ADULTOS ¿DISTRAÍDOS O IMPOTENTES?
Autor: Carolina Ferreyra
E-mail: anacaroferreyra@gmail.com
Instituição: Programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas, Área Educación (FLACSO). Red INFEIES
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La pulsión escópica, parece jugar hoy un papel importante en los episodios de transgresiones escolares (y fundamentalmente en aquellos que se manifiestan con violencia), sin embargo, Foucault ([1975]1989) describe cómo ya en 1757, el suplicio a que se condenaba a Damiens -que incluía las más cruentas laceraciones a su cuerpo, tenía carácter público y de hecho contaba con espectadores.

  
Título: Possíveis contribuições da psicanálise à educação: um caso de mediação escolar
Autor: Carolina Moreira Ribeiro
E-mail: carolribeiropsi@gmail.com
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro
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  O decreto nº 6.571/2008 marca a extinção das classes especiais, antes destinadas a alunos considerados “deficientes” e coloca que é dever da escola aceitar tais alunos em classes regulares. O presente trabalho se debruça sobre as conseqüências de tal instrumento jurídico, visando a discutir os impasses encontrados pela equipe pedagógica, os quais se atualizam no modo que a criança encontra em inserir-se na escola, e o lugar do clínico no trabalho com a criança autista e psicótica no contexto da inclusão escolar.

Nos textos “Prefácio à juventude desorientada de Aichhorn” (1996 [1925]) e “Análise terminável e interminável” (1996 [1937]), Freud aponta três ofícios impossíveis: educar, governar e curar. Abordamos o impossível de educar freudiano como algo que diz respeito ao caráter indomesticável da pulsão, haja vista que não há um objeto derradeiro capaz de satisfazer a pulsão. O objeto encontra-se perdido e a pulsão permanece exigindo satisfação.

Anteriormente ao advento do conceito de pulsão de morte, Freud ainda parecia vislumbrar que a educação, ao se tornar ciente da gravidade do seu alto poder coercitivo danoso à vida infantil, poderia encontrar modos de atuação que não provocassem um mal-estar na criança. Contudo, com a emergência deste conceito e de suas consequências, Freud defenderá que o mal-estar é constitutivo, não podendo ser aplacado totalmente.

Há uma falha na inscrição do psicótico na linguagem. Desse modo, a criança autista e psicótica encontra dificuldades em se inscrever no laço social ─ o que confere radicalidade aos limites da educação e à inclusão escolar desses casos. As colocações de Freud sobre a educação apontam também para os limites do interesse da psicanálise sobre a mesma. Contudo, não se trata da desvalorização da tarefa educacional ou da impossibilidade que um trabalho de orientação psicanalítica se realize.

Abordaremos nessa exposição um trabalho de mediação escolar. Proveniente muitas vezes da escola, a demanda ao mediador é que ele possa facilitar a integração da criança à instituição. O clínico notifica as invenções da criança e valoriza a palavra como algo da ordem de uma mediação, para o que se faz invasivo para essas crianças que tampam os ouvidos e que se incomodam com a presença excessiva do outro. Apostamos que tal direção de tratamento vai de encontro a um projeto de inclusão escolar que não ocorra a qualquer custo, mas que reconheça o caráter impossível da tarefa educacional. Isto implica tanto para o clínico quanto para a equipe pedagógica em uma escuta singular da criança, que dê lugar ao trabalho que ela própria realiza em incluir-se na escola.



  
Título: EL NIÑO QUE NOS OCUPA. ALGUNAS PUNTUALIZACIONES ACERCA DEL TRABAJO EDUCATIVO CON NIÑOS EN LA PRIMERA INFANCIA
Autor: Cecilia Balbi
E-mail: ccbalbi@gmail.com
Instituição: Programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas, Área Educación (FLACSO). Red INFEIES
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Este escrito presenta un dispositivo de intervención de un psicólogo practicante del psicoanálisis en el trabajo con instituciones educativas. Se parte de pensar las intervenciones en el marco del psicoanálisis como práctica de discurso y de su vocación por inquietar y problematizar los campos del saber, situando lo que no camina, los puntos ciegos en el corazón mismo de cada dominio.

  
Título: PSICANÁLISE E INCLUSÃO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS ATUAIS DISCURSOS E DA EQUAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA
Autor: Cecilia Maria Girão Gomes
E-mail: cecigirao@hotmail.com
Instituição: Universidade de Fortaleza
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O objetivo deste trabalho é fazer uma leitura crítica da educação inclusiva por meio de seus discursos e dispositivos contemporâneos. Este trabalho se construiu através de uma pesquisa teórica-bibliográfica, que caracterizou os atuais discursos da inclusão escolar; investigou a respeito da relação entre estes discursos e o discurso biomédico; e discutiu acerca das mudanças ocorridas no laço social contemporâneo e seus efeitos na equação família e escola. A modificação nas grandes narrativas de legitimação juntamente com o desenvolvimento da ciência abalou o lugar da autoridade religiosa e produziu um novo laço social. A educação, que sempre foi acompanhada de ideologias, atualmente, ao invés dos ideais culturais, tem ideais advindos do discurso médico – organizador de diversos âmbitos da vida na contemporaneidade –, podendo ser a inclusão escolar um exímio desdobramento do discurso da saúde mental. Se antes estava claro que um dos papéis sociais da família era o de preparar o acesso da criança à sociedade de que fazia parte, ou seja, fazer uma articulação com o social; hoje, cabe à escola o exercício dessa função, especialmente nos casos de inclusão escolar. Os especialistas, tais como médicos e educadores, sabem mais da educação dos filhos do que os próprios pais, cujo saber inconsciente não é valorizado. As posições defendidas acerca dos discursos advindos da educação para todos trazem contradições difíceis de lidar, pois não é incomum identificar tendências diferentes e, às vezes, contrapostas em termos conceituais, políticos e ideológicos no campo da educação, principalmente no que diz respeito à inclusão. Apresenta-se, portanto, a possibilidade de leitura da educação inclusiva à luz da teoria psicanalítica, um importante operador de análise tanto para pensar acerca do lugar da família e da escola nesse contexto como para interrogar o ideal de igualdade das políticas de inclusão social - tais como os discursos e os dispositivos advindos da educação para todos - como tendo efeitos subjetivos danosos. Assim, a inclusão não é e não pode ser para todos, pois só o estudo de cada caso dirá para quem e de que forma a escola será produtiva.

Bolsista CAPES.   

Orientadora: Maria Celina Peixoto Lima  

  

  
Título: PSICANÁLISE NO ENSINO SUPERIOR: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Autor: Christielle Castro Fagundes Teixeira
E-mail: christiellefagundes@hotmail.com
Instituição: Faculdade Jesus Maria José
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Algumas mudanças veem ocorrendo no contexto sócio-econômico-cultural brasileiro, gerando importantes repercussões para o ensino superior. Como consequência, tem-se observado um mal-estar, experimentado tanto pelo professor como pelo aluno. Estes se queixam de aulas monótonas, chatas ou difíceis. Cândido Gomes  (2010) chama a atenção para a influência da cultura capitalista no comportamento desses jovens, referindo-se a essa cultura como marcada pela transitoriedade, superficialidade e busca de prazer, o que se opõe à proposta dos ambientes educacionais, tornando-os, para esses estudantes, lugares de aborrecimento e tédio. Do outro lado estão os professores se queixando dos alunos descomprometidos com a própria formação, desrespeitosos e desprovidos de conhecimentos básicos. Esses docentes têm se mostrado inquietos, frustrados, desanimados e muitas vezes indignados com os alunos que têm encontrado em sua prática. Esse é o cenário encontrado numa Instituição de Ensino Superior, particular, do Distrito Federal. Na tentativa de elaborar intervenções que promovam algum efeito de mudança nessa situação, a psicóloga e a psicopedagoga da instituição, partindo de uma interlocução entre psicanálise e educação, apresentaram, dentre outras propostas, uma de intervenção por meio do curso de formação continuada oferecido pela instituição para seu corpo docente. Esse curso está acontecendo atualmente, e tem o formato de pós-graduação, semipresencial. As intervenções estão acontecendo nos momentos presenciais, mas são predominantemente virtuais, no fórum aberto para esse fim no ambiente virtual de aprendizagem.
Título: sobre o mal-estar, um corpo do(c)ente: a mulher-professora e seu encontro com as diferenças
Autor: Claudia Itaborahy Ferraz
E-mail: cacauitaborahy@yahoo.com.br
Instituição: universidade federal de ouro preto
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Perceber o que se repete e pausar para uma construção teórica que vá de encontro ao discurso de mulheres-professoras que trazem como queixa a diferença e como imagem um corpo esteticamente e subjetivamente marcado por alguma inércia, paralisação, alguma impossibilidade diante do outro que não é ideal, mas real. Trata-se de interrogações sobre o papel, o lugar, o corpo, a atuação da professora em meio às urgências da contemporaneidade, as causas e os efeitos disso – tal como o mal-estar docente – pensando no alinhavo dentro e fora das paredes das escolas que tão necessário tem se rodeado de questões que compõem outra partitura conceitual e também de ofício que é melodicamente atravessada pela diversidade, a inclusão e as práticas educativas. Aqui, interrogamos a formação docente para a diversidade, seus pontos de furo e inquietação, suas possibilidades de seguir um pouco mais adiante na tentativa de ofertar à professora um lugar de sujeito – sujeito que deseja e fala, sujeito atravessado por partes distintas de uma construção que é também social, histórica e política.

  
Título: HIPERATIVIDADE, COMPORTAMENTO OPOSITOR E DÉFICIT DE ATENÇÃO: MAL-ESTAR DA CRIANÇA OU MAL-ESTAR DO ADULTO AO INFANTIL.
Autor: Cristina Keiko Inafuku de Merletti
E-mail: crisinafuku@yahoo.com.br
Instituição: Lugar de Vida - Centro de Educação Terapêutica/ SP e PSA/IPUSP
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Apresentaremos uma leitura da escuta psicanalítica de discurso que se desenvolveu a partir do trabalho com grupo de pais de crianças em atendimento no Lugar de Vida, instituição que promove a prática da EducaçãoTerapêutica para tratar e educar crianças com dificuldades no desenvolvimento e em seu processo de escolarização e de laço social. A análise psicanalítica de discurso dos pais propiciou problematizarmos as queixas e demandas atuais sobre as crianças. Queixas portadas não somente pelas famílias, mas verificadas no discurso de educadores e de profissionais da saúde que trabalham com crianças, o que nos leva a pensar sobre um mal-estar social do adulto em relação, não somente às crianças, mas em relação ao lugar do infantil na contemporaneidade.

         Notamos que as queixas em torno das crianças se referem especialmente e, com frequência, aos problemas de seu mau comportamento em casa e na escola, a não aceitação dos limites, posturas de oposição, de agressividade, impulsividade, dependência de objetos, hiperatividade e o déficit de atenção. Estas falas recorrentes de pais, de educadores e de profissionais da saúde, mesmo fora do campo de um tratamento, nos faz considerá-las ainda como um fenômeno discursivo social atual sobre a infância. Queixas que com frequência são transformadas em sintomas clínicos e patológicos, os quais outrora se restringiam, na maioria dos casos, à clínica específica dos graves Transtornos Globais do Desenvolvimento, como no autismo e na psicose infantil.

          Esta perspectiva de leitura discursiva, seja sobre as crianças no discurso dos pais e dos profissionais da infância, seja em relação aos pais nos discursos sociais vigentes sobre a educação infantil, poderá ter sua incidência numa política sobre os cuidados com a infância, na medida em que, ao invés de classificar e patologizar o sujeito infantil, busca localizar seus determinantes na ordem do Outro e na ordem de um determinado discurso que os engendram.  Chemama & Vandermersch (2007) referindo-se à teoria lacaniana dos discursos no Dicionário de Psicanálise afirmam “... deve-se destacar que a teoria dos discursos,... continua a ser, atualmente, um dos instrumentos mais ativos para a psicanálise, pois ela se interessa pelo que produz o sujeito e produz, com ele, a ordem social na qual ele se inscreve” (p.105).

  

  
Título: EDUCADOR DE CRECHE E CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA DOS BEBÊS: UMA ARTICULAÇÃO
Autor: Daniela Bridon dos Santos Reis Brandão
E-mail: danibridon@gmail.com
Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
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O trabalho proposto tem como objetivo apresentar o projeto de doutorado inscrito no Programa de Pós-Graduação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, no departamento Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, sob orientação de Maria Cristina Machado Kupfer. O projeto intitula-se “Efeitos da escuta do educador de creche na constituição subjetiva dos bebês” e foi pensado a partir de três ideias fundamentais, baseadas na teoria lacaniana. A primeira é que os caminhos do desenvolvimento humano não estão traçados a priori, e, portanto, não são efeitos do organismo sobre o psíquico. Ou seja, “o desenvolvimento só ocorre na medida em que o sujeito se integra ao sistema simbólico, aí se exercita pelo exercício de uma palavra verdadeira” (LACAN, 1956, p.104). A segunda, alinhavada à primeira, é que para o sujeito advir necessita ser capturado por um Outro Primordial, referido ao “lugar da cadeia significante que comanda tudo que vai poder presentificar-se do sujeito” (LACAN, 1988, p. 193). E a terceira, aderente a algumas pesquisas recentes (CRESPIN, 2005; CIFALI, 2004; MARIOTTO, 2007; KUPFER, 2008; VORCARO, 2010), refere-se à possibilidade de um outro, que não aquele que encarna o Outro Primordial – especificamente o educador de creche, já que passa, em alguns casos, até oitos horas diárias com a criança – fazer algum tipo de função que auxilie o bebê nesse primeiro momento lógico de sua constituição psíquica, nomeado por Lacan em 1936 como estádio do espelho e elucidado por Marie-Cristine Laznik (1997) nos três tempos da instalação do circuito pulsional. Dessa forma, nossa hipótese é que o ambiente de creche pode ser subjetivante desde que o educador seja atravessado por um discurso que o sustente nesse enlaçamento com o bebê, discurso esse diferente do que vem organizando a instituição escolar na contemporaneidade, permeado por ilusões (psico) pedagógicas, como já apontou Lajonquière em 1999. O trabalho clínico com as educadoras – no sentido de escutar o profissional enquanto um efeito de sua dimensão subjetiva – pode estar no campo da prevenção, pois visa a antecipação de um futuro, ainda que somente a posteriori se poderá verificar seus efeitos.  

  
Título: UM OLHAR PRECISO SOBRE NOSSOS SABERES – ESPECIALISTA,PROFESSOR DE SALA REGULAR E ALUNA COM SURDEZ.
Autor: Daniela Maria da Silva
E-mail: danimjapa@bol.com.br
Instituição: Prefeitura de São Bernardo do Campo
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Um olhar preciso... foi preciso,pois já era sabido que na educação

de surdos muitas vezes os mesmos estiveram presos

historicamente no significante da “falta”, “falta” da fala ou da Língua

de Sinais ,ocupando lugar de exceção e negação do sujeito.

O presente trabalho visa discorrer sobre as diferentes posições no

discurso social o qual estamos colocados, profissionais e aluna com

surdez no processo de inclusão em uma rede municipal de ensino.

Desenvolveremos considerações sobre a aprendizagem de leitura e

escrita e suas implicações com a língua a partir do surgimento da

criança-sujeito.

E que olhar é este? - Um olhar fundado na escuta da Psicanálise para as relações entre linguagem e subjetividade,pois apesar de muito saber sobre a história dos surdos, nada se sabia sobre a aluna em questão,era preciso viver o enfrentamento deste desafio. Estávamos diante de alguém que apresentava, ainda , um código linguístico não reconhecido.Podemos dizer que a ela foi designado um lugar de produção de saber,podendo assim insinuar-se diante dos espaços possíveis e expressar-se através do seu estilo de aprender e conhecer e nós professores tivemos a possibilidade de sustentar o processo educativo,de análisar e investigar nossas ações o que contribuiu imensamente para nossa prática docente.



  
Título: MAL-ESTAR: MARCA DA ESCOLA NA CONTEMPORANEIDADE?
Autor: Edileide Maria Antonino da Silva
E-mail: leideantonino@yahoo.com.br
Instituição: UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
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  São muitas as pesquisas que investigam a questão do mal-estar docente e da própria escola, afeto que se percebe com frequência no ambiente educacional. Fala-se do mal-estar, da queda da autoridade do professor, das questões sociais, da subjetividade do docente e de outros tantas mazelas que afetam a escola. O tema também tem sido alvo de discussões nas quais são elencados inúmeros fatores responsáveis pela presentificação deste mal-estar, especialmente no que concerne diretamente ao professor: poucos prazeres e muitos desprazeres neste ofício. Estamos em tempos pós-modernos e é possível se constatar o fenômeno da desautorização presente na escola, desestruturando não só o processo educacional, mas a todos os atores que vivenciam este ambiente. Resta-nos investigar o potencial deste fenômeno para o surgimento do clima de mal-estar que circula e circunda a escola. Antes de enveredar pelos teóricos da psicanálise que debatem essa temática, apresentamos o que se discute sobre o assunto num contexto mais amplo através das pesquisas de Saul Neves de Jesus e José Manoel Esteve. Trazemos, então, como relevantes para a compreensão do mal-estar que ocupa a escola contemporânea os estudos do mestre Sigmund Freud sobre o mal-estar na civilização, Marcelo Ricardo Pereira e sua discussão sobre o lugar do mestre na contemporaneidade, Maria de Lourdes Ornellas e o debate sobre os afetos na escola, Bauman e o mal-estar na pós-modernidade. Não concluímos esta fala, pois fica em aberto o questionamento: o bem-estar na escola está no campo das possibilidades ou é mais um desejo utópico? Será o mal-estar docente uma marca da escola contemporânea?  O artigo nos propõe uma reflexão sobre isso.

  

  
Título: Entre o passado e o futuro: o trabalho educacional com adolescentes diante dos novos sintomas da contemporaneidade
Autor: Elizabeth dos Reis Sanada
E-mail: elizabeth.sanada@hotmail.com
Instituição: Instituto Superior de Educação de São Paulo - Singularidades
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  Temos como objetivo discutir algumas especificidades do trabalho educacional com adolescentes na contemporaneidade, tomando como pano de fundo alguns sintomas emergentes na contemporaneidade, tais como bullying; transtornos alimentares; cyberdependência e depressão.

Nesta perspectiva, estabelecemos a crítica ao modelo médico biologizante que se instaura na atualidade no âmbito educacional e à desimplicação docente diante do ato educativo, ao mesmo tempo em que apresentamos algumas mudanças estruturais desenvolvidas neste contexto a partir do advento da contemporaneidade.

Neste sentido, passamos pelos estudos empreendidos por MRECH (2005, p. 18) que partem do processo de “desmaterialização radical da cultura” apontado por LIPOVETSKY (1989), para questionar se o mesmo não estaria ocorrendo em relação à Educação, constituindo um cenário contemporâneo cultural e social muito distinto daquele encontrado na modernidade e cujas consequências são percebidas, entre outros fatores, pela ascensão da informação como “a ponta de lança de um mundo em transformação contínua”, pela passagem de uma “sociedade pautada sobre a produção, para outra direcionada pelo consumo” e pela passagem “de uma cultura do texto impresso para outra em que a imagem ocupa lugar estratégico”.

Essa mudança de paradigmas acarreta transformações também nos modos de subjetivação e, consequentemente, naquilo que se nomeará como sintoma.

Neste sentido, passamos por uma análise do conceito no interior da própria obra lacaniana, partindo de um referencial calcado primeiramente sobre os preceitos freudianos até chegarmos à formulação de sinthome, termo relacionado ao conceito de suplência e já referido anteriormente por Lacan em “Les non dupes errent” (1973-74) e em “R.S.I.” (1974-75), na ocasião relacionado aos Nomes-do-Pai, para apontar a existência de sintomas que não só denunciariam a insuficiência do Outro, mas que ao mesmo tempo serviriam de borda e sustentação para o nó. Com a inserção deste conceito, LACAN (1975-76) propõe que no lugar de tomarmos o sintoma como verdade a ser decifrada, por meio da interpretação significante, façamos dele um uso lógico. Deparamo-nos com algo que se sustenta na letra e na escrita do nó borromeano, ultrapassando como tal os limites do significante e enunciando a ex-sistência, o real da estrutura.

Outra importante modificação, advinda desta inversão no interior do ensino de Lacan e destacada por NUBILE (2005), diz respeito à pluralização do “Nome do Pai”, permitindo ao sujeito a criação de diferentes ancoragens, o que significa que o Pai passa a assumir o estatuto de “semblante” e, como tal, capaz de criar “uma ficção onde existe um real” (p. 176).

A partir da formulação da “inexistência da relação sexual” conjunções como significante e significado, gozo e Outro, homem e mulher, também cairão por terra, assim como a função e o lugar antes ocupado pelos elementos que asseguravam essas conjunções – o “Nome do Pai, o falo, o Outro –, que passam a ser tomados como conectores. Nas palavras de NUBILE (2005) “no lugar da primazia desses termos, que teriam uma dimensão autônoma e preliminar à experiência, temos o primado da prática. Isso significa a possibilidade de um sujeito “fabricar” suplências, operadores de conexão que podem ser variados. Essas suplências seriam provenientes da invenção e da experimentação do laço” (p. 176).

Na Educação, as consequências dessa mudança de paradigma são percebidas, por exemplo, a partir da perda de referenciais sofrida pelo professor no que diz respeito ao que se institui como seu lugar e função neste contexto, revertendo-se num total desconhecimento do que se impõe na atualidade, como prioridade em termos educativos, ou seja, a percepção de que ensinar não consiste mais em: “aplicar cegamente uma teoria e nem a conformar-se com um modelo. É, antes de mais nada, resolver problemas, tomar decisões, agir em situações de incerteza e, muitas vezes, de emergência. Sem para tanto afundar no pragmatismo absoluto e em ações pontuais” (PEREIRA, 1998). Entretanto, o professorado segue nostálgico e em busca de receitas que prescrevam o que fazer, sobretudo quando seu público envolve adolescentes – cuja característica preponderante incorre em apontar para a inconsistência do Outro. Quais as especificidades da adolescência e como elas se entrecruzam com o saber hegemônico presente na Educação? Como lidar com o mal-estar gerado pela constatação da impossibilidade de um saber-todo, e, consequentemente, pela impossibilidade de um mestre-todo? Estas são algumas questões que pretendemos discutir com base numa leitura psicanalítica da adolescência, da contemporaneidade e de suas manifestações no campo da Educação, apontando para a necessidade de se desenvolver “um saber fazer com” como caminho alternativo à nostalgia das certezas ilusórias do passado.



  
Título: Indicadores de sucesso na inclusão escolar: realidade ou utopia?
Autor: Fernanda Ferrari Arantes
E-mail: fe.arantes@uol.com.br
Instituição: IPUSP
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É possível construir critérios para avaliar o processo de inclusão de uma criança com necessidades educacionais especiais em uma escola regular, a fim de melhor compreender impasses e sucessos?

Se levarmos em conta os impasses que se dão no cotidiano desse trabalho — que envolve os educadores, os alunos, suas famílias e outros protagonistas dessa história — quais são as possibilidades para o alcance de seu sucesso?

Essas são algumas das questões que permeiam o campo da Psicanálise e Educação e tem sido alvo constante de inúmeras reflexões, com o objetivo de alinhar o que é possível realizar na prática no campo da educação inclusiva.

O presente trabalho, fruto das primeiras formulações da dissertação de mestrado da primeira autora sob orientação do segundo autor, aponta para a necessidade de elaboração de indicadores para o sucesso e o fracasso da inclusão escolar. Este cenário abriu a possibilidade para realização da pesquisa, que visa construir tais indicadores a partir da análise de entrevistas realizadas com educadores. Nos relatos da prática com seus alunos, buscou-se identificar indícios que evidenciavam indicadores de sucesso e fracasso no processo inclusivo.

Utilizando o referencial teórico da Psicanálise, em especial a teoria lacaniana sobre os quatro discursos (Seminário XVII: O avesso da Psicanálise, 1992), o trabalho apresenta um recorte da pesquisa e tem como objetivo demonstrar, a partir do discurso de uma das educadoras entrevistadas na pesquisa de mestrado, a relevância de elaborar indicadores de sucesso para a inclusão escolar.  

O trabalho realizado nos autoriza a pensar que, alguns eixos norteadores podem ser enunciados e contribuir sensivelmente para a elaboração de possíveis indicadores de sucesso da inclusão escolar. A preocupação latente quanto ao sucesso e ao fracasso revelada na literatura sobre o tema abre espaço para que trabalhos originais os tomem como objeto específico de estudo, permitindo o estabelecimento de indicadores que possibilitem o monitoramento dos processos inclusivos; que não fiquemos testemunhas e reféns de práticas inefáveis, e que tornemos a inclusão escolar algo além de uma questão de “fé e boa vontade”.
Título: ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO E CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA: RELATOS DE UM AVANÇO
Autor: Gisele Souza Campos
E-mail: gisa_pop20@hotmail.com
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Siul
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Este trabalho apresentará uma experiência de Acompanhamento Terapêutico (AT) vinculada ao “Projeto Avante: avaliação e tratamento de crianças com transtornos globais do desenvolvimento”, desenvolvido no curso de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Paranaíba. O AT pode ser uma modalidade de tratamento psicanalítico com crianças psicóticas, autistas ou com algum tipo de deficiência mental ou física, e tem como principal objetivo a inserção desses sujeitos no universo social. O acompanhante realiza a função de ser porta-voz do aluno diferente, indicando para ele e para os outros a possibilidade de ser reconhecido como sujeito e colocando palavras nos atos aparentemente bizarros e abruptos que a criança manifesta (Gavioli, Ranoya e Abbamonte, 2002, p.03). No que diz respeito ao ambiente escolar e sua importância na constituição subjetiva, a simples ida da criança à escola, seja ela especial ou não, pode produzir um efeito terapêutico na medida em que essa instituição – enquanto lugar social que oferece aparato simbólico por meio de leis e regras que ordenam a vida – oportuniza, para a criança com dificuldade de laço social, um lugar possível (Kupfer, 2007). Acompanhamos uma criança de cinco anos – denominada ficticiamente de João – com suposto diagnóstico de autismo, matriculada em uma escola de Educação Infantil. Nossas intervenções foram realizadas especialmente no laço João – instituição, pois “é necessário um trabalho do Outro, que atua em torno da criança e com ela, para transformar essa atividade basal na singularidade polimorfa e polissêmica que caracteriza a articulação do sujeito individual no âmbito coletivo” (Jerusalinky, 2008, p. 117). Alguns efeitos de nossas intervenções foram observados em várias situações cotidianas de João, como no banho, na alimentação, nas atividades pedagógicas realizadas em sala de aula, e especialmente no brincar. No início de nosso percurso, observamos que João permanecia isolado, enquanto outras crianças envolviam-se coletivamente em brincadeiras. Aos poucos, fomos inserindo João nas atividades e, passado um tempo, observamos que João não mais brincava sozinho, bem como que não era preciso que nos colocássemos como mediador entre ele e seus colegas.
Título: O ADOLESCENTE EM ESTADO DE DUPLA EXCEÇÃO
Autor: Gustavo Alexandre Martins
E-mail: gustavoalemartins@gmail.com
Instituição: UFMG
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Autor: Gustavo Alexandre Martins

Orientador: Prof. Marcelo Ricardo Pereira

Instituição: Linha de Pesquisa Psicologia, Psicanálise e Educação do PPGE/UFMG



Desde que a psicanálise passou a se implicar com a questão da adolescência, fizeram-se preciosas contribuições tanto para o interesse clínico como também para a interlocução com a educação. Neste segundo caso, numa peculiar configuração do insistente mal-estar, o cenário escolar se vê cada vez mais embaraçado diante das questões evocadas pelo encontro com o adolescente. Concebe-se a adolescência, em um primeiro momento, como um período de definição da organização sexual iniciada na infância. As mudanças ocorridas na puberdade seriam decisivas para o modo como o sujeito se tornará adulto, tendo em vista que exigem ressignificar o corpo nos registros Imaginário, Simbólico e Real. Por outro lado, a maturidade adquirida na puberdade não lhe garante o estatuto de adulto. Não obstante, outros acréscimos teóricos têm sido anunciados no sentido de que os impasses em torno da organização sexual estão postos nestes registros desde a infância. A partir daí, toma-se a adolescência como período mais lógico – estruturado pelo discurso – e não apenas cronológico – dependente da puberdade. Dessa maneira, o que em termos legais se localiza entre os 12 e os 18 anos, pode na verdade ter seu início na estrutura subjetiva bem antes e estender-se ainda por longo período. Os impasses singulares para definir-se neste período, desvincular-se da infância e aspirar à vida adulta, despontam aos nossos olhos por manifestações angustiantes no dia-a-dia escolar. A pesquisa de Mestrado que anima esta discussão nos coloca diante de sujeitos adolescentes que, para além da chamada crise de adolescência, posicionam-se de maneira ainda mais peculiar. Distantes de uma maioria observada que passa pela vida escolar sem provocar maiores transtornos ao outro social e, diferentes de uma minoria, exceção, portanto, que não cessam de elevar o mal-estar na educação, lidamos aqui com adolescentes que parecem fixar-se em outro modo de suspensão da subjetivação. Adolescentes em estado de dupla-exceção na escola.

  
Título: CONTRIBUIÇÕES PSICANALÍTICAS ACERCA DOS PROCESSOS IDENTIFICATÓRIOS E DE SEPARAÇÃO NA RELAÇÃO DO ADOLESCENTE COM O SABER.
Autor: Iane Pinto de Castro
E-mail: ianepiupiu@yahoo.com.br
Instituição: Universidade de Fortaleza
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Neste trabalho pretende-se discutir a relação do adolescente com o saber a partir de seus processos identificatórios e de separação. A discussão será encaminhada tomando como ponto de partida as contribuições teórico-clínicas dos psicanalistas Rassial, Bergés, Lesourd, Mannoni, Alberti, dentre os principais. Pensando com a psicanálise, pode-se interrogar: como um adolescente representa para si mesmo o acesso ao saber? A travessia da infância para a adolescência implicaria numa nova relação com os pais e com o mundo. No entanto, a mudança de posição subjetiva da criança rumo à adolescência, torna-se possível quando o adolescente e seus pais elaboram certo luto de desprendimento. Deste modo, para a construção desta relação é necessário considerar a posição do sujeito do desejo, tal posição só é possível devido uma ‘separ(a)ção’ dos pais para que este se constitua como sujeito desejante. Assim, afirma-se que a adolescência não é característica de uma faixa etária, mas, sim, de uma operação psíquica que pode emergir na medida em que haja uma ruptura com as antigas inscrições da posição infantil.  O surgimento do desejo de saber, desde Freud (1905), foi relacionado ao enigma da origem e da diferença sexual. E hoje? Mais de um século depois, como se dá no mundo contemporâneo as questões relativas a esses enigmas e, portanto, ao lugar do saber? Se o desejo de saber aponta para uma falta, como ascender ao desejo diante do mundo cibernético e tecnológico que muitas vezes transmite aceleradamente as informações. Nas palavras da psicanalista Cabistani, “a dificuldade dos pais em nossos dias é a de assumir a posição de autoridade que possibilite aos filhos constituir referências simbólicas” (Cabistani, 2004, p. 203). Segundo Rassial, “a crença que passa pela escola, pela organização familiar, sustentada pela promessa edípica é que nossa existência seria sustentada no lugar do Outro” (Rassial, 1999, p. 82). Considera-se que há uma mudança de posicionamento do adolescente diante do conhecimento se a relação do sujeito com o conhecimento tem uma intima relação com o desejo de saber. Delimita-se também que a partir das investigações sexuais infantis, o que se estrutura a partir do complexo de Édipo, da castração e da sublimação assumem na construção dessa travessia da infância para a adolescência uma marca na relação do adolescente com o saber.  

  

  

  

  
Título: O LUGAR DO GESTOR ESCOLAR NO RETRATO DO MAL-ESTAR CONTEMPORÂNEO NA EDUCAÇÃO
Autor: Inês Maria Marques Zanforlin Pires de Almeida
E-mail: almeida@unb.br
Instituição: Universidade de Brasília
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Este texto inspira-se no trabalho realizado como professora e coordenadora do Curso de Especialização

em Gestão Escolar (2010/2011) inserido no Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica

Pública, institucionalizado diante da necessidade de desenvolver “uma política de formação nacional de

gestores escolares, baseada nos princípios de gestão democrática, tendo por eixo a escola como espaço

de inclusão social e da emancipação humana” (BRASIL, 2009, p. 7) que busca valorizar a articulação da

teoria com a realidade escolar, no sentido de construir saberes a partir do próprio trabalho de gestão.

Neste sentido, a partir das considerações teórico-conceituais que fundamentaram a Disciplina de Tópicos

Especiais - Subjetividade e Complexidade na Gestão Escolar atividades propostas foram pensadas no

sentido de articular saberes da dimensão da subjetividade à luz da psicanálise com as experiências e o

contexto de vida dos gestores / cursistas, destacando-se a elaboração da memória educativa, reconhecida

como um dos dispositivos mais significativos para a compreensão da dimensão

subjetividade/complexidade na formação docente e/ou do gestor. Buscou-se sublinhar por sua relevância

a dimensão psíquica à luz da “psicologia da profundidade” e utilizando o referencial psicanalítico

(FREUD, 1921; 1927; 1930) proporcionar um novo olhar sobre a complexidade das relações humanas

estabelecidas na dinâmica da equipe escolar. Acentuamos que não se pretendeu “fazer psicanálise”, mas

através dos conceitos psicanalíticos ampliar a compreensão dos sujeitos, pois o conhecimento de si e o

reconhecimento do outro podem ser um importante passo frente a esse desafio, uma vez que as mudanças

organizacionais dependem de “novas formas de subjetivação” (DAVEL; VERGARA, 2008). No texto ora

proposto, o recorte incidirá sobre análise de monografias (06) produzidas ao final do curso, nas quais o

gestor também ocupa lugar no retrato do mal estar contemporâneo na educação, tal como lembrado por

SOUZA ( 2009,p.36): “ser um gestor da educação e acreditar no valor de seu próprio trabalho constituem

funções estruturantes da subjetividade e ajudam a suportar o mal-estar advindo das tarefas coletivas ( malestar

inevitável)”  

  
Título: O conhecimento e o saber na psicose infantil
Autor: Izabel Ramos de Abreu Kisil
E-mail: belrabreu@gmail.com
Instituição: FE-USP
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Em psicanálise há uma diferença entre as noções de conhecimento e saber. Como entender a produção de conhecimento e de saber na psicose, isto é, em sujeitos que não com contam com o saber sobre a castração? A partir da experiência clínica como analista e acompanhante terapêutica de dois garotos psicóticos buscamos refletir sobre as particularidades da construção de conhecimento na psicose infantil. Percebemos que o conhecimento se constrói por meio das pesquisas que realizam na companhia de um Outro que suporta “não saber”. Esse conhecimento particular que produzem, por estar fora da lógica fálica, muitas vezes, não permite um enlace social. No entanto, serve a este sujeito como uma certeza que o protege de Outro invasivo, permitindo ele produzir um saber sobre si. A partir disso, levantamos questões a respeito das necessidades educativas especiais dos psicóticos e das possibilidades e limites da inclusão escolar, considerando o estudo a respeito da construção de conhecimento destes garotos.
Título: O ESPAÇO DA OFICINA NA ESCOLA COMO UM LUGAR PARA A INVENÇÃO DE SI
Autor: Jane Fischer Barros
E-mail: jane12fb@terra.com.br
Instituição: IPA
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  O ESPAÇO DA OFICINA NA ESCOLA COMO UM LUGAR PARA A INVENÇÃO DE SI

RESUMO:

Este estudo foi realizado no Pós-Doutorado Júnior da pesquisadora. A pesquisa pretende problematizar os espaços de invenção de si abertos – ou não – nas escolas. Quais as possibilidades de criação e de invenção de si nas escolas? Para tanto, utilizou-se o recurso da “oficina” como uma estratégia metodológica do professor-pesquisador através do trabalho coletivo e dialógico, da técnica do aprender- fazendo, com o objetivo não somente de construção de saberes escolares, mas como uma forma de entender nossa relação com os outros, dentro de um processo de constituição do sujeito e invenção de si. A partir desse trabalho, foi feito um levantamento do que as crianças falam de si e de que recursos se utilizam para criarem uma história e uma apresentação de si mesmas. Nessa pesquisa, observou-se a necessidade de circunscrever um campo maior para a discussão, com o objetivo de pensar como se produz a subjetividade do sujeito a partir do ordenamento dos sistemas simbólicos transmitidos pelo social, pois acredita-se que o sujeito é efeito desse processo consolidado a partir de significantes que a cultura lhe oferece. Ou seja, esses significantes circulam na cultura e modificam-se constantemente junto com as transformações da sociedade. Pensar sobre esse surgimento do sujeito como invenção de si, ou seja, essa construção realizada ao mesmo tempo com a palavra do Outro – os significantes que circulam na cultura – e com a criação do sujeito para além desses significantes é o objetivo geral do trabalho.

Palavras-chave: invenção de si, oficina pedagógica, narrativa.

  

  

  
Título: EDUCAÇÃO: ENTRE O IDEAL DE CONDUZIR E CONTROLAR - UM MAL-ESTAR NAS RELAÇÕES PEDAGÓGICAS
Autor: Jezabel Gontijo Machado de Oliveira
E-mail: jg-olive@bol.com.br
Instituição: Universidade de Brasília
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O ato de educar insere-se, a priori, em contexto assinalado pelo conflito humano, por isso desvela certo mal-estar que permeia a relação pedagógica na interação ensino-aprendizagem. Ao falar sobre as três fontes de onde provém o sofrimento humano, Freud (1930) enfatizou que uma das prováveis causas esteja no relacionamento entre os homens no convívio social. O desejo de completude e de controle impostos pelos ideais educativos em detrimento da singularidade e subjetividade dos sujeitos enlaçados no contexto pedagógico, paga um preço alto para viver o bônus dos bens culturalmente construídos pela civilização. Nessa ótica, tornamo-nos estrangeiros no mundo civilizado, andarilhos imersos no mal-estar paralisante das exigências de um ideal educativo distante da realidade humana, que não reconhece as leis do desejo. Por isso mesmo, consoante destaca Barroso (2008), mesmo com o empenho, o esforço e os aparatos metodológicos que o professor usa no seu fazer pedagógico, ele não consegue executar o planejado com perfeição, não “controla” tudo, principalmente, resultados, restando o sentimento de frustração ante a percepção de que há sempre algo faltando. A “falta” e a incompletude no espaço pedagógico geram o mal-estar quando o professor investe energia em modelos educativos que não condizem com o desejo do ser humano. Dessa forma, o artigo tece relações entre o ideal apregoado no cenário escolar, levando-se em consideração o anseio de formação ideal circunscrito pelo ideário pedagógico. Ideário esse de completude, de busca pela perfeição instaurada na ordem da trajetória do humano no campo da civilização, o qual faz emergir o mal-estar inerente ao desejo de formação imbricada nas inquietações que atravessam o humano, na busca de seres melhores e felizes. Recorte da Dissertação de mestrado Trajetórias de constituição do ser docente (2011), o texto busca compreender em que sentido o professor torna-se refém de práticas educativas sistematizadas, por vezes, engessadas em modelos pedagógicos ideais que se distanciam da realidade, implicando no mal-estar que desenha o contexto contemporâneo da educação.

 Palavras-chave: Educação ideal; Mal-estar docente; Subjetividade.



Jezabel Gontijo Machado de Oliveira

Inês Maria Marques Zanforlin Pires de Almeida
Título: O MAL-ESTAR DE CONTROLAR A ENTRADA
Autor: Joana Sampaio Primo
E-mail: joanaprimo@gmail.com
Instituição: Cursinho da Psico - Serviço de Apoio Psicológico
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A atuação de psicólogos no interior de uma instituição de ensino ocorre nos mais diversos formatos, suscitando sempre questões. O presente trabalho pretende se debruçar sobre a análise de um episódio que vivenciamos enquanto psicólogos de um Cursinho Popular que funciona no interior da Universidade de São Paulo. Nosso trabalho compreende um serviço semanal de atendimento clínico aos alunos do Cursinho e o diálogo com a instituição, articulando num trabalho conjunto aquilo que os casos trazem enquanto questões institucionais e o que a instituição nos solicita como demanda.

Este Cursinho tem como princípio a democratização do acesso à universidade, voltando-se às camadas menos favorecidas da população.  Partindo da inclusão como ideal, não existia qualquer mecanismo de controle de entrada dos alunos na instituição, que supostamente remeteria à exclusão, pois se trata de um Cursinho pago, no qual parte do corpo de alunos é bolsista, enquanto outra se mantém inadimplente. Há alguns meses, implantou-se um mecanismo para controle de entrada dos alunos. A partir desta mudança, fomos convocados enquanto psicólogos da instituição para trabalhar junto a um aluno que resistia a manter vínculos regulares com o Cursinho. A emergência desta situação ilustra o mal-estar acerca do ideal de inclusão que a ausência do controle de entrada (identificado à exclusão) encobria, explicitando diversas questões institucionais.

Partindo da teoria psicanalítica, esse episódio possibilita que o não-dito, cujos efeitos não deixam de se fazer notar, surja enquanto problemática passível de ser trabalhada na e pela instituição. Acreditamos que os casos nos quais o psicólogo é convidado a intervir possam ser pensados enquanto possibilidade de fazer circular o mal-estar na instituição, permitindo que a equipe se articule para repensar conjuntamente seu trabalho. Revela-se neste caso uma possibilidade de trabalho de psicólogos e do saber psicanalítico no interior de uma instituição educativa.



  
Título: AS VICISSITUDES DOS IDEAIS EM UM CURSINHO POPULAR
Autor: Joana Sampaio Primo
E-mail: joanaprimo@gmail.com
Instituição: Cursinho da Psico - Serviço de Apoio Psicológico
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As instituições surgem para responder e tentar resolver uma demanda social. Grosso modo, elas acabam por compartilhar os códigos sob os quais elas operam, sendo que a escola, a Igreja, e a família – para citarmos algumas – são as maiores responsáveis pela transmissão desses códigos culturais às gerações vindouras. Entretanto, a escola tem um papel proeminente nessa função: elas carregam um ideal de cultura a ser transmitido adiante.
Inseridos em um contexto peculiar do Brasil, os Cursinhos aparecem com uma função bem específica entre as escolas: a de oferecer uma educação exclusivamente voltada ao ingresso de jovens nas universidades. Dentre esses cursinhos nós sublinhamos a existência dos cursinhos populares, que não são apenas voltados ao sucesso nessas provas, mas também trazem como marca a criação de possibilidades para que uma população mais pobre tenha acesso às universidades públicas, que exigem uma escolarização de alta qualidade.
Verificamos que os cursinhos populares carregam uma promessa de ascensão social por via da inclusão dessas pessoas no ensino superior. Existe dessa forma um ideal compartilhado por todos daquelas instituições de que a entrada na universidade pública seria o caminho para a mudança de sua condição social. Todavia percebemos, enquanto psicólogos que atendem em um serviço clínico dentro de uma dessas instituições, que o ideal por vezes ameaça excluir a existência de outras possibilidades de emancipação e de alternativas para a emergência do desejo. O ideal corre o perigo de transforma-se em idealização, em uma única fantasia compartilhada por todos e que é cada vez mais deslocada do sujeito (Rosa, 2006). O mal-estar aparece então como que colado unicamente ao fracasso individual, não podendo figurar dentro desse modelo ideal de ascensão social.
Tentaremos abordar esse perigo a partir da análise de alguns fragmentos clínicos que tivemos acesso ao longo do nosso trabalho. A falta da existência de outros planos, e de outro sonho que não o ideal, irrompe no sujeito como medo do fracasso, como angustia do real e não do desejo (Birman, 2000).
Palavras Chaves: Cursinho popular, ideal, fracasso, ascensão social.
Título: A INCLUSÃO ESCOLAR E(M) SEUS EXTERIORES
Autor: Joyce Eiko Fukuda
E-mail: joyce.eiko@uol.com.br
Instituição: IPUSP
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“Estou com o grupo, você pode fazer a atividade com a Ana”;

“Não estou nem conseguindo pensar o planejamento para a turma, quem dirá para o Fred!”;

“Eu sou professora do 4º ano, mas tem também o Yuri...”;

“O grupo está todo fazendo a atividade, ele é o único que não está...”.



Esses são recortes cotidianos da fala de professores, colhidos a partir de nossa experiência como acompanhantes terapêuticas em uma escola particular da cidade de São Paulo.

        Em comum nessas frases há uma mesma estrutura organizadora, que estabelece lugares e limites. Trata-se de um discurso que apresenta uma lógica do mais ou menos um. Ao mesmo tempo, referencia-se pelo que está dentro e pelo que está fora de determinado lugar, incluído nele e excluído daquele.

        O discurso escolar, atravessado por referenciais de normalidade, estabelece padrões e limites em relação ao normal, determinando a faixa do extremamente desviante: aquilo que se situa nos dois cantos da curva, não abarcados pelo intervalo que já comporta o que se denominam desvios-padrão. De algum modo, portanto, há sempre certa delimitação do que será o objeto da escola: a que ela oferece suporte e o que ela cotidianamente suporta.

        Aqui se impõem distinções necessárias, quando se fala sobre o que é possível estar dentro e o que é necessário estar de fora da escola. Esta lógica de funcionamento do mais ou menos um, de dois ou mais lugares, pode orientar o olhar tanto no que diz respeito ao indivíduo quanto sobre a noção de sujeito.

Nesse sentido, partindo da ideia de que a escola supõe o sujeito, mas não opera sobre ele, como pensar a inclusão?

Se tomarmos por partida que o funcionamento da inclusão carrega em seu bojo uma ilusão de poder se apropriar do que foi colocado em algum momento para fora, gostaríamos de, ao longo do trabalho a ser apresentado, poder desenvolver e problematizar algumas questões acerca da lógica posta, questões essas emergentes desse filete de discurso recortado de nossa prática cotidiana em uma escola, para, por fim, nos re-indagarmos: o que será, então, que está para ser incluído?



  
Título: Teorias sobre alfabetização de crianças: de que debate se trata?
Autor: Julia Maria Borges Anacleto
E-mail: julia_anacleto@yahoo.com.br
Instituição: Universidade de São Paulo
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O tema de nossa pesquisa tem sido a alfabetização de crianças do ponto de vista da constituição do sujeito. Assim, vimos realizando algumas leituras de teorias sobre a alfabetização bastante difundidas no meio pedagógico brasileiro, a fim de procurar problematizar seus pressupostos.

Podemos observar como, enquanto em grande parte das salas de aula ainda encontramos os professores alfabetizando as crianças a partir da silabação, do treino motor e da decodificação, encontra-se bastante difundido seja no meio acadêmico seja no meio escolar os debates que desde a década de 80 vêm alterando o modo de entender a aquisição da escrita pela criança.

No campo pedagógico brasileiro, as teorias sobre alfabetização que exercem maior influência são as assim chamadas construtivistas e sócio-interacionistas. Há, no entanto, também alguns trabalhos que têm buscado problematizar a questão da aquisição da escrita pela criança e para tanto têm recorrido à teoria psicanalítica.

Tendo realizado algumas leituras de trabalhos que se vinculam a essas diferentes correntes teóricas, pretendemos apresentar aqui alguns apontamentos quanto ao modo como são considerados aí questões como: concepção de linguagem, de sujeito, de conhecimento e da relação ensino-aprendizagem.

  

  
Título: NAD- NÚCLEO DE APOIO PSICOPEDAGÓGICO NO INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO-IESA: LÓCUS DE REFLEXÕES NO ENSINO SUPERIOR SOBRE O MAL-ESTAR NA EDUCAÇÃO
Autor: Juliane Colpo
E-mail: julianecolpo@hotmail.com
Instituição: Instituto de Ensino Superior de Santo Ângelo -IESA
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  As instituições de Ensino Superior estão passando por transformações que também provocam a ressignificação da relação aluno- professor e as aprendizagens. A proposta deste trabalho perpassa apresentar reflexões no Ensino Superior sobre o mal-estar na educação. Objetivo geral do trabalho realizado pelo Núcleo de Apoio aos discentes do Instituto de Ensino Superior de Santo Ângelo –IESA, da rede Cenecista, no estado do Rio Grande do Sul. A proposta desse núcleo visa possibilitar aos docentes um espaço para discussão dos problemas de aprendizagem de seus alunos; documentar o acompanhamento dos sujeitos a fim de traçar estratégias junto às coordenações dos cursos; estudar, criar, pesquisar e elaborar alternativas para encaminhar os problemas de aprendizagens, bem como socializar o conhecimento produzido no ensino e na pesquisa à comunidade externa, contribuindo para a reflexão sobre o mal-estar contemporâneo na educação. O núcleo é constituído por uma profissional psicóloga e uma profissional psicopedagoga, ambas docentes na instituição, o que contribui para a efetivação de um lócus da práxis, das relações com os acadêmicos e da interface com educadores e gestores. Na medida em que os profissionais que atuam no núcleo entram em contato com os sujeitos que demandam a escuta, constrói-se uma proposta de intervenção psicopedagógica, realizada individualmente ou em grupos, que levam ao diagnóstico, prognóstico e intervenções nas questões que impedem o aproveitamento e as aprendizagens dos acadêmicos. Uma outra perspectiva de pesquisa do núcleo está ligada especificamente à investigação das condições internas de aprendizagens, focando assim, nas questões intrasubjetivas, para realizar uma leitura sobre as questões transferenciais e didáticas. Para sustentar a presente discussão, propõe-se uma incursão à psicanálise, tecendo uma interlocução com os seguintes autores: Marcelo Ricardo Pereira, Claudine Blanchard- Laville, Maria Cristina Kupfer, Sara Paín, Alícia Fernández, Leny Mrech, Angela Vorcaro, Leandro de Lajonquière, entre outros que circulam pela discussão da Educação Contemporânea.

  
Título: OS IMPERATIVOS DA CONTEMPORANEIDADE E O NÃO-LUGAR DA ADOLESCÊNCIA
Autor: Kaio Adriano Batista Fidelis
E-mail: kaiobfidelis@gmail.com
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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Autor: Kaio Adriano Batista Fidelis

Orientador: Prof. Marcelo Ricardo Pereira

Instituição: Linha de Pesquisa Psicologia, Psicanálise e Educação/UFMG

Bolsa: Fapemig



Em entrevista concedida a Revista Percurso, o psicanalista Jean-Jacques Rassial refere-se a não aceitação dos estudos da adolescência pela psicanálise no passado, e a recusa de algumas escolas psicanalíticas ao seu projeto sobre o tema. Nos últimos tempos, a pesquisa sobre a adolescência ganhou grande atenção no campo psicanalítico, mas a adolescência em si e o adolescente continuam numa espécie de não-lugar, assim como as investigações de Rassial sobre o tema, no início dos anos 80. Relegados mais a uma condição ou fase transitória do que a uma fase temporal, negados o lugar infantil e também a posição de adulto, esses sujeitos não se localizam fixamente, privados das características sólidas e seguras que a infância e a adultez oferecem. Ao mesmo tempo, na sociedade contemporânea, a juventude e, por consequência, a adolescência ganharam um espaço privilegiado, estendendo-se cada vez mais. O ideal cultural que nos incute o auge da vida contemporânea associado à produtividade, performatividade, renovação, tem constrangido a todos uma juventude indispensável. O trabalho pretende fazer uma interlocução entre esses imperativos e a forma como o adolescente se vê preso a um corpo novo e desconhecido e a ideais e identificações diferentes da infância. Nessa instabilidade, consideram-se respostas transitórias, limítrofes e até mesmo sintomáticas, e inerentemente contemporâneas.

  

  
Título: INIBIÇÃO COM O SABER: RESTA MAL-ESTAR?
Autor: Lealce Mendes da Silva
E-mail: lealcemendes@bol.com.br
Instituição: Universidade Federal de Ouro Preto
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Lealce Mendes da Silva - UFOP

lealcemendes@bol.com.br



Margareth Diniz- UFOP

dinizmargareth@yahoo.com.br







RESUMO







O presente trabalho decorre da pesquisa de Mestrado em Educação do Programa de Pos-Graduação da UFOP intitulada “Como os/as professores/as relacionam-se com o fenômeno inibição com o saber?”, que tem por objetivo analisar as práticas educativas dos/as professores/as frente a inibição com o saber em crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para tal interrogamos o fenômeno contemporâneo nomeado “fracasso escolar”, tendo como pressuposto que há estigmatização, julgamento, segregação e exclusão dos sujeitos que por algum motivo não “acompanham” as exigências do sistema educacional, reforçando práticas discriminatórias implícitas nas ações cotidianas da escola. Para isso, a leitura psicanalítica apresenta-se como uma saída que pode fazer vacilar o discurso pronto e destituir a onipotência de saber que tanto a Pedagogia cultua. Analisar o fracasso como sintoma circunscrito à inibição com o saber é verificar que algo faz o sujeito paralisar-se e recolher-se em situações de confronto com o saber, de modo absolutamente singular. Assim, uma criança que não consegue atender a demanda do sistema educacional e da família__aprender para um ideal capitalista, ter profissão, ganhar dinheiro, ascender-se socialmente __ é vista pelo discurso pedagógico homogeneizante como “fracassada”. A pesquisa visa reconhecer a subjetividade e a implicação do sujeito em seu sintoma e analisar como os/as professores/as lidam com essa particularidade. Interessa-nos circunscrever o que resta de mal-estar, tanto para a criança, quanto para a docência, negar a incidência do sujeito do inconsciente  na sua relação com o saber.



Palavras-chave: Inibição com o saber; Fracasso, Mal-estar
Título: Sobre a inclusão minúscula
Autor: Lenara Spedo Spagnuolo
E-mail: lespedo@yahoo.com.br
Instituição: Instituto de Psicologia - USP
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No presente trabalho pretendemos discutir a inclusão escolar à luz da psicanálise a partir da tese básica de que trabalhar com necessidades é bem diferente de lidar com sujeitos; o primeiro é passível de controle e administração enquanto o controle do segundo está na dimensão do impossível. Neste sentido, pensamos que as políticas de Inclusão (maiúscula) que versam sobre alunos portadores de necessidades educativas especiais têm sua importância, porém há um outro olhar sobre o assunto, a inclusão que chamamos de minúscula, que propõe incluir uma dimensão ética na discussão. Assim, o aluno é visto como um sujeito que pode saber sobre si próprio e que irá articular seus saberes no caminho de sua constituição subjetiva. As verdades produzidas por saberes científicos, técnicos e metodológicos a respeito a Inclusão para pouco nos servem no momento de lidar com a inclusão, uma vez que a verdade é um elemento singular que só pode vir a posteriori em uma articulação do sujeito ao encontrar-se com o Outro. Como ilustração trazemos um breve relato de caso de inclusão escolar para que possamos pensar a importância desse processo ir para além da via pedagógica. A aluna em questão se aproxima de uma integração pedagógica e através de algumas passagens do seu cotidiano escolar vamos mostrando como ela pode falar e saber sobre si sem que esteja na norma, sem que seja igual aos seus colegas. Igual e diferente. Além do direito de estar na escola, a aluna deve ser reconhecida através do efeito que suas ações têm no laço social com o Outro. Deste modo, afirmamos que a Inclusão muitas vezes pode ser desorganizadora para o sujeito, já que ao generalizar um processo que é singular se está excluindo o sujeito. Falamos, portanto, de inclusão minúscula, pois falamos do particular e é justamente no jogo entre particular e social, igual e diferente, controlável e incontrolável que pode um sujeito - portador de deficiências ou não - constituir-se.

  

  
Título: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ARTE DO FUXICO NUMA ARTICULAÇÃO COM A INIBIÇÃO DA APRENDIZAGEM.
Autor: Ludmilla Lopes da Fonsêca
E-mail: ludy_fonseca@yahoo.com.br
Instituição: Universidade do Estado da Bahia
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Uma avaliação dos debates atuais no campo da educação é suficiente para perceber um contíguo de proposições em torno da temática dificuldade de aprendizagem. Na tentativa de explicação destas sucedem-se novas concepções teórico-epistemológicas principalmente nas áreas de educação, psicologia e psicanálise.

Diferentemente do utilizado no senso comum neste trabalho o foco terminológico se dá na “inibição no ato de aprender” visando à possibilidade de ampliação dos estudos de tal fenômeno, pois o compreendo como aquele que dá possibilidade de entendimento com relação a uma função, não tendo necessariamente, uma implicação patológica o que também o faz transitório. A inibição é a demanda que ocorre, unicamente, na dimensão do eu e se expressa como uma limitação funcional neste caso trato da inibição do saber.

A pedagogia articulada com a psicanálise tem sido uma via de entrada do desejo no campo da educação para tratar o sintoma, que se manifesta no sujeito através da inibição no ato de aprender e deste modo sabe-se que, para haver aprendizado, é preciso haver desejo e este apenas se coloca quando, no processo de estruturação psíquica da criança, ocorre a intervenção da Lei paterna. Estas dimensões se articulam através da dialética que se estabelece entre princípio do prazer e da realidade, configurando-se assim a dialética da autonomia e da heteronomia.

Diante de tais fatos estabeleço metaforicamente a relação da inibição da aprendizagem com o fuxico arte. Ou seja, o fuxico o qual trabalho é aquele que diz respeito à arte, a construção, ao movimento, a diferença. Penso no fuxico enquanto arte sendo o aluno “com” inibição no ato de aprender aquele retalho de pano que é subaproveitado, retirado da peça de tecido principal por não servir mais e, ao causar inquietação no que diz respeito ao que fazer dele o mesmo é entregue para que um outro possa dar um destino àquelas tiras irregulares, fora de padrão. Diante de tal exposição refiro que a metáfora do fuxico e sua conexão com a inibição no ato de aprender é a minha tentativa de contribuição com a proposta de interface entre psicanálise e educação.



  
Título: AS CONTRIBUIÇÕES DE JACQUES LACAN SOBRE A FORMA DE TRATAMENTO EMPREGADA POR MELANIE KLEIN NO CASO DICK.
Autor: Marcela Rêda Guimarães
E-mail: marcelareda@gmail.com
Instituição: UFMG
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Autores: Marcela Rêda Guimarães, Matheus Fernando Felix Ribeiro



Orientadora: Prof. Angela Maria Resende Vorcaro



Instituição: Linha de pesquisa Psicologia, Psicanálise/UFMG



Melanie Klein, no artigo “A importância da formação de símbolos no desenvolvimento do ego”, de 1930, apresenta fragmentos da análise de um garoto de quatro anos, Dick. No artigo referido Melanie Klein afirma que através da ansiedade advinda do sadismo do próprio sujeito e da tentativa de destruição do objeto, surgem as primeiras identificações e em decorrência destas o simbolismo, fundamento de toda fantasia, sublimação e da relação do indivíduo com a realidade.

A partir das referências feitas por Lacan ao caso Dick, pretendemos uma releitura do artigo citado na tentativa de discutir através da contribuição lacaniana as formas de tratamento empregadas por Melanie Klein neste caso. A maneira como Melanie Klein conduziu o caso do garoto Dick é peculiar; ela verbaliza o simbolismo para seu paciente partindo do interesse do garoto em trens e estações, pegando os trenzinhos de brinquedo em seu consultório e afirmando tratar-se o menor deles de “trem Dick” e o maior deles de “trem-papai”. Lacan afirma:

“Melanie Klein enfia o simbolismo, com a maior brutalidade, no pequeno Dick! Ela começa jogando imediatamente em cima dele as interpretações maiores. Ela o joga numa verbalização brutal do mito edípico, quase tão revoltante para nós quanto para qualquer leitor – Você é o trenzinho, você quer foder a sua mãe.” (LACAN, 1954 p. 79)

Apesar do que, segundo Lacan, aparece como uma brutalidade o mesmo confirma que “é certo que depois dessa intervenção, alguma coisa se produz. Tudo está aí.” (Lacan, 1930, p. 79). Dick faz grandes progressos a partir da análise com Melanie Klein. A que se devem tais progressos de acordo com a teoria lacaniana?

Lacan ao analisar o tratamento empregado por Melanie Klein afirma que a psicanalista não faz interpretações, ela joga com o que já conhece de sua prática clínica com crianças e com suas próprias ideias. Ela lança em Dick manifestação do seu inconsciente, ao que Lacan, nos lembra de sua fórmula: O inconsciente é o discurso do outro.
Título: MUDANÇAS NO LAÇO SOCIAL DA DOCÊNCIA
Autor: Maria Angélica Augusto de Mello Pisetta
E-mail: angelicapisetta@yahoo.com.br
Instituição: Universidade Federal Fluminense
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As mudanças nos modos de relação social nas últimas décadas tem gerado um impacto indisfarçável em todas as esferas da cultura. Fala-se em pós-modernidade em busca de felicidade (Bauman, 1998), homem desbussolado (Forbes, J. 2011), queda das identificações sociais e do patriarcado (Laia, 2011) e da perda do valor social atribuído à autoridade institucional de modo geral e em particular da posição social do professor (Esteve, 1999; Zagury, 2009). Na mesma esteira, podemos identificar na demanda de tratamento psicológico atual uma variação nos modos de subjetivação que Ehrenberg (2011) denomina “patologia da insuficiência”, em contraposição aos conflitos subjetivos modernos bem demarcados que fundamentaram a descoberta do inconsciente e o projeto da psicanálise. O sociólogo considera que as manifestações psicopatológicas atuais, denominadas sob a rubrica da “depressão” demonstram respostas subjetivas de insuficiência ante uma época que demanda autonomia e desempenho individual, em contraposição à lógica moderna baseada na coletividade, no trabalho e na segurança. Autores contemporâneos ligados à educação e à sociologia tem identificado, no que tange à escola, a necessidade de reformulações no vínculo educativo, de modo a proporcionar a aprendizagem da convivência (Nicolescu, 1994 apud Delors, 1998) tendo em vista a perda de tais referenciais modernos em torno das relações sociais, o que balizava os modos de relação entre professores e alunos. Em nossa pesquisa junto a professores do ensino fundamental e médio pudemos constatar a perplexidade dos professores diante dos desafios atuais oriundos dos relacionamentos interpessoais com os alunos. A referência à clínica psicanalítica no presente contexto também se faz necessária na apreciação teórica do conceito de transferência, nascido no interior do enquadre analítico de Freud e retomado em sua radicalidade por Lacan, quando a define como manifestação do inconsciente como discurso do Outro (1988). A retomada lacaniana deste conceito o ressitua no campo do discurso, produzido em sua variação cultural e histórica. Ela passa a ser entendida como manifestação inconsciente estereotipada, que se antecipa às novas relações, e se constitui na tensão entre o coletivo e o particular, carregando as marcas de gozo de uma determinada época. Nossa explanação percorrerá estes pontos de articulação.

  

  

  

  
Título: AS PESQUISAS BRASILEIRAS EM PSICANÁLISE E EDUCAÇÃO E SOFRIMENTO DOCENTE
Autor: Maria Cristina de Jesus Sousa
E-mail: cristina_sjj@hotmail.com
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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A comunicação analisa, especificamente o sofrimento docente, no qual se constatou um crescente numero de estudos sobre o tema. Seguindo o estado da arte produzido por Kupfer et al (2010), foi feito um levantamento bibliográfico semelhante dentro do projeto de pesquisa: "Impasses na transmissão e mal-estar docente" FAE/UFMG (2011). Este trabalho re-direcionou as produções em guias que tratassem de temas específicos: psicanálise e educação, sofrimento docente e adolescência e seus excessos. Foram levantados cerca de 800 produções teóricas. Entre elas, teses, dissertações e artigos que complementam os estudos sobre psicanálise e educação no Brasil. A partir da análise destes materiais, pretende-se contribuir para os estudos em psicanálise, educação e sofrimento docente.

  
Título: EL LUGAR DE LOS PROFESIONALES EN LA ESCUELA: LO QUE SE TRANSMITE EN LA INTERVENCIÓN
Autor: María Daniela Sánchez
E-mail: campestre@arnet.com.ar
Instituição: Centro Universitario Regional Zona Atlántica- Universidad Nacional del Comahue (Argentina). Red INFEIES
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Este presentación, forma parte de los desarrollos que se van produciendo desde el proyecto de investigación “Intervenciones Institucionales en el espacio escolar actual y transmisión de la cultura”, apostando al diálogo entre el psicoanálisis y la educación. Desde hace varios años un grupo de docentes pertenecientes a la Universidad Nacional del Comahue -con sede en la ciudad de Viedma, Rio Negro (Argentina)-, venimos trabajando con los profesionales que se desempeñan en las escuelas rionegrinas formando parte de los equipos técnicos de apoyo pedagógico (ETAP). Advertimos allí, que estos profesionales, son reiteradamente llamados a intervenir en un espacio escolar poblado de disconformidades y donde, muchas veces, su saber hacer es solicitado al mismo tiempo que deslegitimado. Por ello, ofrecimos un espacio para que los técnicos pudieran manifestar eso que los inquietaba en su hacer en las instituciones. Y poder pensar conjuntamente, ‘posibles’ nuevas formas de hacer, que los ubiquen colaborando con la escuela en su función de transmisora de la cultura. Hablar de transmisión, del acto de pasar,  refiere “a un nudo del lazo social, del ‘hacer sociedad’ y eso es hablar también de sus fracturas, de sus interferencias y dificultades” (Korinfeld, D.:2011). En este trabajo, desplegaremos uno de los aspectos que se presentó con mayor insistencia en el relato de los técnicos: el malestar que genera el ‘lugar’ que tiene su hacer ante los padres, los docentes y los supervisores. Este obstáculo, que se erige casi como fractura entre los técnicos y los destinatarios de la intervención, da lugar a formas de transmisión simbólicas armadas sobre narraciones e imaginarios que la época propone para hacer frente a lo real. Por otro lado, interesa detenerse en cómo fuimos escuchando esos relatos, donde, a modo de intervención, procuramos un lugar donde  alojar a los técnicos con lo que traen. Sostener un impasse, un margen de duda, capaz de habilitar al otro que acusa malestar.

  
Título: S1, S2, $, a: NÚMEROS E LETRAS EM 4 DISCURSOS
Autor: Maria de Lourdes Soares Ornellas
E-mail: ornellas1@terra.com.br
Instituição: Universidade do Estado da Bahia
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O grupo de estudo do Seminário 17, que acontece as quartas, numa instituição psicanalítica, tem como objeto decodificar as letras e números  dos quatro discursos de Lacan. No lugar e função que principiou o Seminário, Lacan recebeu giz vermelho forte, escreveu fórmulas no quadro e utilizou letras em lugar de palavras entre 1969 e 1970 O Seminário o Avesso da Psicanálise  estava quase concluído. Os quatro discursos se sustentam na matemática porque foi nela que Lacan se inspirou para pensar os quatro discursos, numa operação nomeada de permutação em círculo, onde quatro termos ocupam cada um na sua vez, quatro lugares, ordenados, sem nenhuma troca no interior do círculo. Estas letras têm um código a ser decifrado: S1= significante mestre; S2= o saber; $= sujeito barrado; a= pequeno a, o mais-de-gozar. Estes termos se movimentam em torno de quatro lugares: o lugar de um agente, que é o que aparentemente organiza o discurso; lugar do Outro ao qual o discurso se dirige; o lugar da verdade, que fundamenta o discurso e o lugar da produção, que marca o produto engendrado pelo discurso. No discurso do mestre, há a ideia de que quem fala sabe sobre o que fala. É o discurso da possibilidade do saber, que se aproxima da ciência ao se pensar unívoco. O conhecimento que resulta desse discurso se reduz a um saber teórico. O discurso do mestre tem sua continuidade no discurso universitário, comandado pelo saber estabelecido. O discurso universitário prega que há um conhecimento erudito ao qual o aluno deve se assujeitar; torna-se escravo da escrita do Outro para dar sentido a sua escrita. O discurso histérico é sedutor. O histérico deseja reinar sobre o mestre. A queixa, a insatisfação são marcas desse discurso e por ser $ não é mais-de gozar que esse discurso deseja para ser objeto a e não um semblante deste. Enfim, idealiza seu mestre e diz que o ama. O analista de posse do saber do inconsciente desvela o sujeito analisante na sua singularidade e o eleva na condição de sujeito da fala e da falta. A função do enigma é um semi-dizer, tal a Quimera, aparece e desaparece um meio corpo e indaga: sou um Quadrípodes?
Título: LETRAS, PALAVRAS E CONEXÕES – UMA APOSTA NA ESCOLARIZAÇÃO DE UM ADOLESCENTE PSICÓTICO
Autor: Maria Eugenia Capraro
E-mail: meugeniatoledo@uol.com.br
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A educação para um sujeito implica dirigir a palavra a uma criança, falar com ela. É assim que Lajonquière (2009) nos convoca a pensar sobre a educação das crianças, estes pequenos seres que habitam nosso mundo e que podem ser recebidos pelos adultos como estrangeiros, selvagens ou extraterrestres.

Este reconhecimento tem um desdobramento social quando esta criança entra na escola e pode partilhar dos objetos culturais junto a seus pares.

Algumas crianças, cujo desenvolvimento é truncado pela eclosão de uma crise psicótica, podem transitar pelo espaço familiar e escolar de forma peculiar e precisarão que as lentes de leitura para sua linguagem sejam capazes de capturar o traço que a singulariza sem deixar-se massificar pelos conceitos (psico)pedagógicos que procuram ajustá-la à práticas muito próximas ao Leito de Procusto.

Este texto apresenta a história de J., um adolescente que procurou caminhos alternativos para escapar da loucura agarrando-se diariamente às letras e as palavras que lhe apresentavam os adultos que se ocuparam do oficio de educá-lo em uma proposta regular de ensino.



  
Título: A INFLUÊNCIA DA POSIÇÃO DISCURSIVA DO EDUCADOR DE CRECHE NAS PRÁTICAS COM BEBÊS
Autor: Mariana Rodrigues Anconi
E-mail: mariana.anconi@yahoo.com.br
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Profissionais e instituições são constantemente atravessados por diversos tipos de discursos que influenciam e contribuem para o estilo de prática a ser adotado. Atualmente vive-se principalmente sob o imperativo de pelo menos dois tipos de discursos: o capitalista e o cientificista. As práticas profissionais, ideologias, estilos de vida, etc, respondem de um lugar muito influenciado por tais discursos.  

A psicanálise já pensava sobre isso desde Jacques Lacan (1901-1981), que introduziu os quatro tipos discursivos e suas influências na sociedade, a saber: o discurso capitalista, da histérica, do analista e do mestre. Cada um opera dentro de um pressuposto com meios e fins que se diferem categoricamente nos diversos campos. O campo da educação é o foco desta pesquisa, e nele não é diferente, os profissionais se posicionam a partir de um tipo de discurso específico do contexto ao qual está inserido.

Este trabalho trata-se de um viés de uma pesquisa mais ampla que engloba a formação dos professores de creches através da metodologia IRDI (Indicadores clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil). Este artigo tem como objetivo articular os discursos produzidos por profissionais da educação vinculados a creches da cidade de São Paulo e as influências desses discursos na prática dos profissionais com bebês de berçário 1 e 2.

 Como metodologia será realizada análise quantitativa e qualitativa das respostas, obtidas através de um teste aplicado antes dos professores terem conhecimento da metodologia IRDI. A partir de tais respostas será possível elucidar a posição discursiva dos educadores articulada à prática com bebês em creches.

  

  

  
Título: A PUNIÇÃO: ENTRE A DIMISSÃO E O DESEJO
Autor: Marlon Yezid Cortés Palomino
E-mail: cortesmarlon@gmail.com
Instituição: Universidad de Antioquia
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O nome da pesquisa é: “Concepções sobre punição em professores de educação pré-escolar de algumas escolas publicas e privadas do Valle de Aburrá1”. Foi feita por um grupo de pesquisa que se chama “Conversações entre a pedagogia y a psicanálise”, criado no ano 2006, na Faculdade de Educação da Universidade de Antioquia. O objetivo de este grupo es, fundamentalmente, pesquisar sobre as possíveis articulações entre a pedagogia e a psicanálise.

Segundo Freud, uma das causas estruturais do mal-estar é a dificuldade dos sujeitos para regular nossas relações sociais. Esta dificuldade pode tornar-se evidente em muitas áreas da sociedade, mas há um que emerge com muita força: as relações entre professores e estudantes. Mais concretamente, a dimensão da autoridade é um dos elementos mais conflitivos.

Esta pesquisa estava focada em fazer uma análise das experiências dos professores quando praticam a punição, a partir de entrevistas semiestruturadas, nas quais emergiu claramente o desencontro estrutural entre o professor e o estudante. Este desencontro expressa-se como se segue:

- A concepção de menino que tem a instituição é totalmente diferente à concepção de menino que têm os professores. Às vezes, os professores sentem-se desorientados em relação a como passar a lei.

- As famílias dos meninos são um obstáculo para o exercício da autoridade na escola. Muitas vezes, as famílias desautorizam aos professores.

- Os meninos repetem as transgressões depois dos castigos. A punição não é uma medida totalmente eficaz para regular o comportamento das crianças.

Na segunda parte da pesquisa, os professores entrevistados também expressaram quais eram suas respostas para esse mal-estar estrutural que está presente diariamente nas escolas:

- Às vezes ficam-se na impotência e, em seguida, tomam dois possíveis caminhos: maltratam as crianças, ou são permissivos com eles.

- Outras vezes constroem vínculos com as crianças, que lhes permite estar em um lugar de autoridade, apesar da impossibilidade que implica o exercício educacional.

Esta pesquisa tem algumas conclusões, mas é preciso ressaltar uma: nos professores existem concepções conscientes e inconscientes. A ferramenta fundamental para encontrar as concepções inconscientes é a psicanálise como método de investigação. Esta pesquisa é uma aposta nessa direção.
Título: O BRINCAR ENTRE A CRIANÇA, O ANALISTA E A INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL PRIMÁRIA
Autor: Matheus Fernando Felix Ribeiro
E-mail: matheos_felix@hotmail.com
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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Autores: Matheus Fernando Felix Ribeiro; Marcela Reda Guimarães

Orientadora: Prof. Dra. Angela Maria Resende Vorcaro

Instituição: Linha de pesquisa: Psicologia, Psicanálise - UFMG



Nesse presente resumo apresentamos brevemente como o pediatra e psicanalista Donald Winnicott analisa as instituições educacionais primárias e sua relação com o brincar e com o par mãe-filho.

Winnicott via nas creches um ambiente cuja:

 “A função da escola maternal não é ser um substituto para uma mãe ausente, mas suplementar e ampliar o papel que, nos primeiros anos da criança, só a mãe desempenha. Uma escola maternal, ou jardim de infância, será possivelmente considerada, de modo mais correto, uma ampliação da família ‘para cima’, em vez de uma extensão ‘para baixo’ da escola primária.”(WINNICOTT, 1982, p.214)

A partir desse trecho vemos que Winnicott propõe uma ampliação dos laços afetivos da criança, mesmo quando ela está bem nova. As contingências sociais hoje, com a imersão da mulher no mercado de trabalho, impõe uma mudança na relação de presença-ausência no dualismo mãe-filho.

E é nesse ponto que a educação institucionalizada primária adquire maior importância, pois está lidando com a inserção de uma nova pessoa em um ambiente social, não familiar, gerando uma ampliação da família ‘para cima’. Nas creches a criança aprende a partir da principal atividade: as brincadeiras.

O brincar tem espaço e lugar. Não se localiza fora do individuo como parte do não-eu, do repudiado e verdadeiramente externo, mas também não se localiza internamente. O espaço é um espaço potencial entre a mãe e o bebê, que une os dois. O que está em jogo é a relação entre a realidade psíquica dinâmica e em formação com a experiência do controle de objetos reais, ou seja, paulatinamente reconhecidos como estando fora do corpo da criança.

A brincadeira se insere, portanto nesse espaço: o espaço entre a mãe e o bebê, que pode ser reproduzido nas creches. Novamente se ressalta o papel importante dos cuidadores para lidar com essas emoções emergentes.

Dessarte, a psicoterapia se aproxima do brincar, uma vez que, por Winnicott, a psicoterapia nada mais é do que a união do brincar do terapeuta e do cliente. Quando o paciente ou não aprendeu ou perdeu essa capacidade de brincar, o terapeuta tenta fazer essa movimentação de um estado de não brincadeira para um estado de poder brincar. Vemos ,portanto, o efeito socializatório e terapêutico que a brincadeira adquire.



  
Título: O MAL-ESTAR DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autor: Mônica Baldiotti Campolina Ferreira
E-mail: monicabaldiotti@yahoo.com.br
Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais
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Autora: Mônica Baldiotti Campolina Ferreira

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Ricardo Pereira

RESUMO

Ao elegermos como objeto de nossos estudos o mal-estar docente na educação infantil, objetivamos extrair desse contexto conhecimentos que pudessem estender a margem de entendimento do que pode ser caracterizado como mal-estar e os seus efeitos, os sintomas. Em nossos estudos teóricos constatamos que as investigações sobre o mal-estar docente aumentaram nos últimos vinte anos, em vários países ocidentais, e não está limitado a apenas uma etapa de ensino. Não obstante, para nossa pesquisa, buscamos levantar os principais problemas que as professoras do ensino infantil identificam com mais frequência em sua prática; os fatores que de acordo com elas tensionam e causam o desgaste da profissão e contribuir para reflexão de possíveis saídas para o impasse do mal-estar docente. Nove professoras de crianças de dois a seis anos, de escolas públicas e privadas do município de Pará de Minas, foram escolhidas como sujeitos de nossa pesquisa. Ao adotarmos como metodologia de campo o Grupo Focal, apostamos no modo como as diferentes professoras percebem o problema e como o experimentam em suas experiências. Foi possível identificar, em nossas investigações, que o mal-estar é constitutivo do sujeito que se aliena das propostas civilizatórias, assim como teorizou Freud. Constatamos também que, ao mesmo tempo em que queixam por sentirem-se assediadas por tarefas impossíveis de realizar, as professoras do grupo demonstram não perder a oportunidade de se envolver, com entusiasmo, em novos projetos; fato que pode lhes servir como forma atenuante do mal-estar. Por fim, apostamos na incorporação da provisoriedade da mestria como possível saída para o impasse do mal-estar docente na educação infantil.

Palavras-chave: mal-estar docente, educação infantil, grupo focal, psicanálise.

  

  

  

  

  

  

  

  
Título: INTERESSE DE SABER: UM ESTUDO COM ADOLESCENTES DO ENSIINO MÉDIO
Autor: Nicole Crochick
E-mail: nicrochik@hotmail.com
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  Um dos problemas da educação na atualidade é a falta de interesse demonstrada pelos alunos de ensino médio em relação aos conteúdos transmitidos pela escola. Muitos desses alunos parecem perceber a escola predominantemente como um meio para obter a aprovação no vestibular e, posteriormente, a inserção no mercado de trabalho. Não demonstram, porém, vontade de saber; não vêem sentido em aprender e incorporar a cultura desenvolvida pela humanidade e transmitida pela escola. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo verificar o que leva estudantes do ensino médio de colégios particulares a se interessar pelo saber. Uma das respostas, proveniente da psicanálise, sugere que um aluno interessado pelo saber é aquele que se encontrou com o desejo de saber de um professor e constituiu, a partir dele, seu próprio desejo. Para procurar investigar esse interesse, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com doze alunos de uma sala de aula do segundo ano do ensino médio de uma escola particular de São Paulo, que atende uma clientela de alto poder aquisitivo. Os resultados desta pesquisa indicam que os pais e as figuras de autoridade tiveram um papel preponderante na determinação e no direcionamento do interesse de saber da maioria dos adolescentes pesquisados, assim como a consistência e o domínio do saber que transmitem. Os resultados indicam também que a falta de interesse que muitos demonstraram é relacionado por eles com o que julgam ser um espaço restrito de fala e de discussão de ideias oferecido aos alunos pela escola. Relaciona-se ainda com a não valorização, por parte dos alunos, do conhecimento acumulado pela cultura.

  

  

  
Título: PSICANÁLISE, EDUCAÇÃO E O MAL-ESTAR NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES O
Autor: Renata Nunes Vasconcelos
E-mail: renatanunesv@terra.com.br
Instituição: Universidade do Estado de Minas Gerais
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O presente artigo refere-se à pesquisa intitulada Formação de professores e Psicanálise, desenvolvida no âmbito do Núcleo de estudos e pesquisa sobre Formação de Professores, Trabalho Docente e Discurso pedagógico da Faculdade de educação da UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais. Essa investigação teve como objetivo geral analisar os estudos brasileiros que articulam o campo da psicanálise e da educação e sua relação com a formação de professores. Sabe-se que nas últimas décadas, discursos brasileiros, que fundamentam a prática da formação de professores, buscaram instrumentalizar os educadores em sua tarefa de ensino. Neste percurso, diversas produções vieram orientar o fazer pedagógico, resgatando o professor como agente reflexivo na transmissão e produção de saber. Persiste, porém, no campo da formação docente uma prática discursiva que procura apaziguar o conflito, a incerteza e o desconforto na relação ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva o mal-estar, como elemento, não se apresenta como fator estruturante da prática docente. A psicanálise, desde seus primórdios, tem feito incursão pelos espaços educacionais, cuja extensão permite um entendimento diferente dos problemas escolares. A ética psicanalítica tem como princípio o mal-estar inerente ao ato educativo, persistindo sempre um resto ineducável produtor de conflito no ato da transmissão. Privilegiamos, nesse artigo, a pesquisa teórica que delineia o corpo de nossos estudos, trazendo os discursos sobre a  formação docente e o ponto desses estudos em que o discurso psicanalítico faz sua entrada no campo da educação. O deslocamento da concepção de ‘professor receptáculo’ nos anos de 1990 dá lugar à outra, que vai tratar o docente como sujeito de sua prática pedagógica enfocando o ‘professor reflexivo’ e o ‘saber docente’.

  
Título: Seria a ausência do corpo do professor um meio de tornar a educação uma tarefa mais eficiente?
Autor: Ricardo Dias Sacco
E-mail: rids@usp.br
Instituição: FEUSP | LEPSI
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A tendência atual de se formar certos profissionais à distância parece ser uma marca da contemporaneidade. Apesar disso, o ensino a distância toma formas distintas entre ricos e pobres, sendo que para os últimos ele é preferencialmente estipulado para a formação de professores. Para além dos aspectos financeiros, administrativos, governamentais e supostamente educacionais que balizam a discussão da pertinência de se formar professores a distância, uma questão de fundo parece sustentar a tolerância e aceitação da equivalência ou superioridade do inovador “a distância” ao secular presencial: seria a ausência do corpo do professor um meio de tornar a educação uma tarefa mais eficiente? A questão é contraditória de início pois ao mesmo tempo em que sugere melhoria de eficiência educativa, evoca um aspecto externo ao campo da lógica da eficiência: o corpo. O mesmo corpo que sublinha e amplia o registro da fala também a distorce e a contesta, como num filme de Hitchcock em que a personagem deixa se incriminar pelo exagero na dissimulação da autoria de um crime por ela cometido. Para se implicar nessa questão, o suporte psicanalítico torna-se fundamental. Não apenas por ser um suposto aporte multidisciplinar, como comumente se diz de contribuições de outros campos à educação, mas porque uma investigação meramente metodológica e formalmente pedagógica apenas procuraria retirar a interrogação da questão.
Título: AS CONEXÕES IMPERTINENTES ENTRE A EDUCAÇÃO E A PSICANÁLISE: O QUE A PSICANÁLISE TEM A VER, NO CAMPO ESCOLAR, COM A PERDA DA SENSIBILIDADE DOS SUJEITOS?
Autor: Rogério Rodrigues
E-mail: rogerio@unifei.edu.br
Instituição: Universidade Federal de Itajubá
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Tornou-se rotina na escola a queixa dos professores em relação aos diversos desafetos ocorridos em sala de aula, principalmente os casos de indisciplina. Grande parte dos professores desenvolvem formulações teóricas próprias para explicar os casos de violência e para lidar com as diversas situações de “mau comportamento”. Em termos práticos, geralmente, os educadores possuem um “pacote de solução”, ou seja, um conjunto de regras disciplinares aplicáveis em situações de “mau comportamento”. Partimos do pressuposto de que a ocorrência dos casos de violência na escola é um fato em que os ali presentes estarão diretamente ou indiretamente envolvidos no fenômeno denominado como “a perda da sensibilidade”. Aqueles que participam do enredo da “cena escolar” precisam analisar o fenômeno da violência e suas relações com os aspectos da perda de sensibilidade dos sujeitos. Em termos metodológicos a nossa proposição teórica encontra-se na interface entre a Filosofia da Educação e a Psicanálise na direção da análise e da interpretação do referido problema. Neste caso, as formulações teóricas da Psicanálise podem contribuir como um ponto de conexão com a Educação no sentido de indicar elementos que permitam compreender outras dimensões desse fenômeno como parte dos “retratos do mal-estar contemporâneo na educação”. Conclui-se que a manifestação do “mal estar na civilização” no campo educacional seria uma formulação mal sucedida do sentimento de culpa e que, na sua forma mais radical, resultaria em tentativas de anulação do sujeito tendo como consequência direta a perda da sensibilidade dos sujeitos. Portanto, para se evitar o “sentimento de culpa” perde-se também parte dos sentidos. Sendo assim, em grande parte a impertinência da Psicanálise perante os “fundamentos da educação” seria detectada nessa tentativa de diálogo em que se rompem os pressupostos educativos e fica em aberto a premissa de que o educar consiste em um longo caminho de escuta a realizar-se como a arte de cuidar do outro – a formação do educador. (Agradecimento ao apoio financeiro da FAPEMIG).
Título: NAD- NÚCLEO DE APOIO PSICOPEDAGÓGICO NO INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DE SANTO ÂNGELO-IESA: LÓCUS DE REFLEXÕES NO ENSINO SUPERIOR SOBRE O MAL-ESTAR NA EDUCAÇÃO
Autor: Roseléia Schneider
E-mail: leianeider@yahoo.com.br
Instituição: IESA- INSTITUTO CENECISTA DE ENSINO SUPERIOR
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  As instituições de Ensino Superior estão passando por transformações que também provocam a ressignificação da relação aluno- professor e as aprendizagens. A proposta deste trabalho perpassa apresentar reflexões no Ensino Superior sobre o mal-estar na educação. Objetivo geral do trabalho realizado pelo Núcleo de Apoio aos discentes do Instituto de Ensino Superior de Santo Ângelo –IESA, da rede Cenecista, no estado do Rio Grande do Sul. A proposta desse núcleo visa possibilitar aos docentes um espaço para discussão dos problemas de aprendizagem de seus alunos; documentar o acompanhamento dos sujeitos a fim de traçar estratégias junto às coordenações dos cursos; estudar, criar, pesquisar e elaborar alternativas para encaminhar os problemas de aprendizagens, bem como socializar o conhecimento produzido no ensino e na pesquisa à comunidade externa, contribuindo para a reflexão sobre o mal-estar contemporâneo na educação. O núcleo é constituído por uma profissional psicóloga e uma profissional psicopedagoga, ambas docentes na instituição, o que contribui para a efetivação de um lócus da práxis, das relações com os acadêmicos e da interface com educadores e gestores. Na medida em que os profissionais que atuam no núcleo entram em contato com os sujeitos que demandam a escuta, constrói-se uma proposta de intervenção psicopedagógica, realizada individualmente ou em grupos, que levam ao diagnóstico, prognóstico e intervenções nas questões que impedem o aproveitamento e as aprendizagens dos acadêmicos. Uma outra perspectiva de pesquisa do núcleo está ligada especificamente à investigação das condições internas de aprendizagens, focando assim, nas questões intrasubjetivas, para realizar uma leitura sobre as questões transferenciais e didáticas. Para sustentar a presente discussão, propõe-se uma incursão à psicanálise, tecendo uma interlocução com os seguintes autores: Marcelo Ricardo Pereira, Claudine Blanchard- Laville, Maria Cristina Kupfer, Sara Paín, Alícia Fernández, Leny Mrech, Angela Vorcaro, Leandro de Lajonquière, entre outros que circulam pela discussão da Educação Contemporânea.

  
Título: CONVERSAS NA PRAÇA – A EXPERIÊNCIA DE ADOLESCER NAS MARGENS DO RIO
Autor: Roselene Gurski
E-mail: roselenegurski@terra.com.br
Instituição: UFRGS
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   Este trabalho consiste no relato de uma experiência de pesquisa e extensão que vem sendo desenvolvida junto a adolescentes do arquipélago da cidade de Porto Alegre. O desenvolvimento das ações baseia-se na escuta da demanda local, no que se refere à abordagem de adolescentes, sendo as intervenções sustentadas através da articulação da psicanálise com o tema da experiência em Walter Benjamin.

   Em parceria com uma Equipe de Estratégia de Saúde da Família da Ilha da Pintada, mantida pelo Hospital Moinhos de Vento, iniciamos um trabalho que buscou, em um primeiro momento, conhecer e compreender a demanda dos adolescentes da região, bem como as dificuldades da Equipe no trabalho com os jovens. Através de entrevistas e observações de familiarização, constatamos algumas dificuldades dos serviços da região em vincular os adolescentes. Além deles pouco procurarem os espaços de grupos e consultas na Unidade, os profissionais parecem não conseguir implementar dispositivos de intervenções passíveis de atrair estes sujeitos para falar de si e de seu sofrimento. Tal constatação levou-nos a identificar os locais comunitários nos quais eles circulam. Dentre estes, localizamos o SASE, instituição ligada à Secretaria de Ação Social na qual os adolescentes circulam no turno inverso à escola.

   A partir do início deste ano, propomos, no SASE, a intervenção denominada conversas na praça. Nela, procuramos condensar a narratividade - necessária como modo de subjetivação juvenil - com o resgate de uma questão própria que revela a pertença e, portanto, a origem da comunidade: a ocupação do espaço público da praça.

   A ideia é que se construam intervenções que possam ir ao encontro dos interesses dos jovens e que, ao mesmo tempo, promovam a construção de experiências passíveis de ajudar-lhes nas elaborações importantes deste momento de suas vidas. Ao tomar chimarrão, tocar violão, escutar músicas, entre outras atividades, é ofertada a eles  a oportunidade de fazer uso da palavra. Deste modo, falando de si e de suas angústias, pensamos que os ajudamos a pavimentar de outra forma a dimensão da experiência em suas vidas.





  

  
Título: Um olhar psicanalítico sobre o bullying
Autor: Samanta Pedroso Natalo
E-mail: sa_natalo@yahoo.com.br
Instituição: Prefeitura do Município de Jandira
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Pretendemos apresentar os resultados parciais de nossa pesquisa de mestrado, cujo objetivo é discutir, a partir do referencial psicanalítico, o fenômeno Bullying no contexto escolar. Tomamos como corpus os discursos sobre esse tema presentes em livros, artigos de jornais e revistas destinados ao público em geral.

Partimos do questionamento se estamos diante de algo novo. Alguns teóricos  da Educação e da Psicanálise argumentam que se trata apenas do acirramento de práticas já presentes na escola desde seu primórdio.

Devemos nos perguntar então o que nos dias de hoje produz o acirramento de tais práticas, por qual motivo essas práticas passaram a ser denominadas sob um único nome e quais as consequências desse fato à Educação.

Analisando o corpus de nossa pesquisa, a primeira constatação que fazemos diz respeito à variedade de situações que são definidas como O Bullying: desde o espancamento de um jovem pelos colegas de sala , passando por danos ao patrimônio físico da escola até mordidas entre crianças no maternal.

Outra constatação é que nesses textos O Bullying é apresentado como um fato isolado, resultante da ação de indivíduos que apresentam mentes perigosas. Por conseguinte o combate ao problema passaria pela capacitação dos professores para diagnosticar alunos agressivos e pela ação de profissionais especializados – pediatras, psiquiatras, psicólogos – no ambiente escolar.

Sob a perspectiva de uma análise psicanalítica, nossa primeira hipótese é de que as diversas situações alocadas sob nome Bullying, mantém relação direta com a atual o declínio da Escola enquanto lugar de transmissão do legado cultural. Ao declinar a transmissão, declina a autoridade da Instituição Escola, possibilitando o aparecimento da violência na educação em detrimento à violência da educação.

Consequentemente a Escola passa a ser um lugar burocrático, onde apenas se pretende administrar problemas para não solucioná-los. Administrar sem questionar, mantendo recalcado tudo aquilo que é da ordem do sujeito, do desejo. Acreditamos ser esse o objetivo quando se atribui o mesmo nome a situações diversas – O Bullying -  ou ainda quando localizamos o problema no indivíduo – mentes perigosas - em não no laço social  

Triunfo do Discurso do Mestre sobre a possibilidade de um Discurso Analítico: em suma é o que pudemos constatar até então com nossa pesquisa.  

  

  

  

  

  

  
Título: POR QUE AS PÍLULAS NÃO PODEM EDUCAR?
Autor: Tácito Carderelli da Silveira
E-mail: tacitosilveira@gmail.com
Instituição: FAAT Faculdades - Atibaia-SP
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Se partirmos da premissa de que a educação é um processo de filiação simbólica que constitui um sujeito, posicionando-o em relação a uma determinada história e tradição no interior do campo da palavra e da linguagem, devemos então considerar que somente através da palavra este processo pode ser colocado em marcha. Nada podendo, portanto, substituí-la. Sendo assim, ao tentarmos substituir nossa palavra adulta no ato de educar, desimplicando-nos subjetivamente de assumir suas consequências, condenamos a criança a experimentar um vazio em relação ao lugar que deveria ser ocupado por um sujeito, em posição de educador. Esse vazio pode representar a ausência das coordenadas necessárias para a criança atravessar seu mais ou menos tortuoso processo de subjetivação. Por isso podemos concluir que nenhuma substância química, seja ela qual for, poderia ocupar o lugar da palavra daquele que tem a tarefa de educar, assim como não teria como produzir os efeitos subjetivantes próprios ao ato educativo.

  

  

  
Título: DA CRIANÇA-PROBLEMA À CRIANÇA COMO ENIGMA
Autor: Tânia Maria Asturiano de Campos Rezende
E-mail: taniarezende@usp.br
Instituição: Jacarandá Berçário e Educação Infantil
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  Quais são as (im)possibilidades de estabelecer um espaço no dia-a-dia de uma escola de educação infantil para um olhar que interroga a criança, fazendo frente à crescente demanda por rotulá-la cientificamente? Nenhum rótulo ou descrição recobre a dimensão do enigma que toda criança oferece no encontro com o educador.

O convívio diário com bebês e crianças pequenas é extremamente mobilizador, instigante e muitas vezes angustiante, levando os educadores a uma busca constante por cursos de todos os tipos. O saber falhado, saber não-todo, incompleto, é reeditado a cada novo aluno e de modo ainda mais explícito quando se trata de crianças com problemas ou portadoras de necessidades educativas especiais. Mesmo que seja uma criança já estigmatizada, com um diagnóstico preciso, os conhecimentos prévios sobre ela não eliminam as dificuldades, pelo contrário: muitas vezes atuam como empecilhos.

Os conhecimentos prévios sobre um aluno e todas as informações que a equipe da escola busca quando recebe um aluno com problemas atuam como um anteparo à interação subjetiva, protegendo os educadores da angústia de “não saber o que fazer” e fortalecendo estereótipos. Encontramos comumente na literatura pedagógica referências a uma criança normal – na verdade, uma criança idealizada e inexistente – e a uma criança deficiente ou com “necessidades educativas especiais” – também estereotipada. Mesmo as crianças ditas “normais” atravessam toda a sorte de tensões e dificuldades em seu percurso de desenvolvimento. Não podemos predizer como será o percurso escolar de nenhuma criança, ao contrário do que insiste a Pedagogia, sob o risco de reduzi-las a objetos. A Pedagogia alimenta a prática escolar com técnicas e reflexões teóricas segmentadas por áreas de conhecimento ou níveis de ensino, excluindo a dimensão singular de alunos, professores e demais profissionais da escola.

A psicanálise parece ter muito a contribuir para a passagem de uma visão estanque de criança-problema a uma visão que permita à criança se descolar de rótulos, já que problematiza a dicotomia pedagogia-educação, amplia e questiona os conhecimentos sobre a criança nos primeiros anos de vida, nos quais ela se constitui como sujeito, e pode auxiliar a escola a se organizar para enfrentar a angústia, e não para evitá-la.


Título: O PROFESSOR CONTEMPORÂNEO AFETADO NAS BORDAS DA ANGÚSTIA
Autor: Telma Lima Cortizo
E-mail: telmalcortizo@uol.com.br
Instituição: Secretaria Municipal de Educação
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Este estudo nomeado O professor contemporâneo afetado nas bordas da angústia é um recorte de uma pesquisa de mestrado da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, a qual objetivou investigar de que maneira o professor contemporâneo tem sido afetado pela angústia, na busca de aguçar o debate em torno do lugar e da posição do professor-sujeito no cenário educativo. Os dilemas advindos do processo de formação e de profissionalização têm provocado o apagamento do sujeito, levando alguns professores a expressar a sala de aula como um peso, um fardo, uma pulsão de morte. Desse modo, o aporte teórico dessa pesquisa sustentou-se nos pressupostos da Psicanálise e Educação e acompanharam esse percurso: Freud (1925-1926), Lacan (1960-1964), Ornellas (2005-2008), Kupfer (2007) e Pereira (2008), bem como aqueles que falam da educação: Arendt (2001); Nóvoa (1999); Tardif (2003), dentre outros. A abordagem qualitativa apresentou-se como metodologia de pesquisa que possibilitou o entendimento e a interpretação das ações dos sujeitos implicados. Aplicou-se o Estudo de Caso, e este permitiu analisar o fenômeno em profundidade. Os procedimentos de coleta de dados utilizados versaram sobre: observação, entrevista semiestruturada e conversação. Os sujeitos selecionados pelo critério do desejo foram seis professores do ensino fundamental II. Para a análise e interpretação dos dados, construiu-se categorias descritivas e interpretativas dos três instrumentos com vistas a facilitar as unidades de análises. Utilizou-se a Análise do Discurso de Vertente Francesa,  considerando o explícito e o implícito no discurso verbal, os atos falhos, o silêncio, o tropeço, as reticências e as repetições. (In)conclui-se que a angústia manifesta na contemporaneidade é singular a cada sujeito, pois cada um é afetado em intensidade e de forma diferenciada. Foram falas e escutas que expressaram a pulsão de vida e pulsão de morte tal como pode ser percebido na constituição do sujeito barrado.
Título: ADOLESCÊNCIA E VIOLÊNCIA: O ENCONTRO TRAUMÁTICO COM O REAL
Autor: Thais Sarmanho Paulo
E-mail: thaissarmanho@uol.com.br
Instituição: Universidade Católica de Brasília
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Sandra Francesca Conte de Almeida

Thais Sarmanho Paulo  

Loyanne  Monteiro Neiva

Marina Scalco Duarte

Universidade Católica de Brasília



Este trabalho apresenta reflexões teóricas, com apoio na psicanálise, sobre a violência na adolescência, que busca no agir o modo de se relacionar com o outro. Destacam-se o desamparo do adolescente, pela reativação do conflito edípico, vivido na infância, a vivência do corpo próprio, sentido como objeto estranho, genitalizado, e a dificuldade de simbolização do adolescente, por uma ausência de referências simbólicas, que possam realizar suporte narcísico e sustentar a renúncia necessária à transmissão da lei, Considera-se, assim, que a adolescência é, por si mesma, um processo traumático e, neste sentido, violento, pois violência interna e externa se associam e podem se expressar por passagens ao ato reativamente violento, como tentativa de controlar, através do ato, o que escapa à simbolização, o que não pode ser elaborado, psiquicamente, e representa fonte de ameaça. A falência de modelos íntegros capazes de assumir a responsabilização pela transmissão da tradição e de ideais culturais, na sociedade contemporânea, e a renúncia do adulto ao ato educativo dificultam ainda mais o processo de dar sentido ao vivido, na adolescência, e criam condições férteis para o florescimento do agir violento e da cultura hedonista. Neste contexto, o adolescente, que antes era percebido como uma criança grande, desajeitada e inibida, recebe do Outro o estatuto de modelo de beleza, liberdade e sensualidade, tornando a adolescência um ideal. Nesta perspectiva, a adolescência deixa de ser reconhecida e acolhida como um processo psíquico traumático para se tornar um estilo desejável de modus vivendi. Resta ao adolescente viver sob o domínio do gozo pulsional, do imaginário social e do consumo de bens e de imagens, satisfazendo-se na momentânea e incompleta experiência do gozo, dentre elas o gozo do agir e do consumismo, formas privilegiadas de investimento libidinal, na adolescência em conflito com o encontro traumático com o real.

Palavras-chave: adolescência, psicanálise, violência, passagem ao ato,



  

  

  

  

  
Título: CINEMA NA ESCOLA: UM DISPOSITIVO POSSÍVEL PARA A CONSTRUÇÃO DE EXPERIÊNCIAS
Autor: Thayane Stefanski Chaves
E-mail: thay.chaves@hotmail.com
Instituição: UFRGS
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Este trabalho¹ consiste no relato de uma experiência de pesquisa e extensão que vem sendo desenvolvida junto a adolescentes de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental do arquipélago da cidade de Porto Alegre.

O objetivo da investigação/ação é experimentar os efeitos que advém do encontro do tripé psicanálise, educação e cinema. As narrativas fílmicas, da mesma forma que outras narrativas da cultura, são, cada vez mais, responsáveis por levar às massas aspectos da cultura e perspectivas diversas acerca dos valores do mundo. Além disso, o desenvolvimento de todo o aparato técnico do cinema tem possibilitado, através da riqueza imagética e da tecnologia, a expressão de questões e reflexões em âmbitos extraordinários. Porém, o uso das narrativas fílmicas ainda é tímido. A utilização de filmes como ilustração dos conteúdos costuma ser o modo mais frequente de interação com a linguagem do cinema na escola. A instituição escolar, ao utilizar o cinema como uma figuração daquilo que está sendo “ensinado”, pode acabar empobrecendo a dimensão da experiência ética e estética, deixando passar uma série de nuances que a linguagem da sétima arte tem possibilidade de oferecer.

A ideia, portanto, desta intervenção é que se resgate a dimensão potente do cinema enquanto transmissor da experiência e não como mais um meio pelo qual um saber único e absoluto é partilhado. Para tal, temos, ao longo dos últimos meses, proposto sessões de filmes e discussões a duas turmas da 6° série e do 6° ano da escola. Nesses espaços, temos construído algumas noções sobre os possíveis enlaces do cinema com a experiência – no sentido que lhe dá o filósofo Walter Benjamin – e com a construção de narrativas por parte dos adolescentes.

Acreditamos que através de filmes que falam da diversidade da vida – com seus impasses e possibilidades – e que produzem múltiplos discursos, torna-se possível provocar a imaginação, o devaneio, além de reflexões éticas sobre a vida. Busca-se, portanto, fazer uso do cinema como ferramenta para pensar as diversas cenas familiares, sociais, amorosas e escolares que habitam a realidade psíquica de um adolescente.



¹ Este trabalho deriva dos estudos do NEPEIA- Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Infância e Adolescência e é realizado via a parceria com uma Equipe de Saúde da Família (AHMV/RS).

  
Título: REFLEXOS DA CONTEMPORANEIDADE NA FILIAÇÃO E NA EDUCAÇÃO
Autor: Vanessa Cardoso Cezário
E-mail: vanessa.cezario@usp.br
Instituição: FE-USP
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Os tempos atuais não dissiparam o mal-estar que Freud declarou estrutural em 1930, embora tente de diversas maneiras. A nostalgia de que o "antes" era melhor, estende-se por vários lugares sociais que estão em transformação, anunciando uma crise, ainda que essa seja uma declaração antiga e corrente. Assim acontece com a família nas suas dinâmicas sociais e psíquicas. A democracia, a laicidade e a ciência lhe proporcionaram novas configurações, afetando diretamente os laços de filiação e de educação onde acontece a transmissão.  O objetivo é resgatar brevemente alguns aspectos (sociais, jurídicos, culturais) que transformaram as formas de filiação na família, sobretudo na disjunção entre conjugalidade e parentalidade, e refletir sobre como a contemporaneidade propõe tais laços tentando resolver ou viabilizar a educação independente dos impasses que coloca para a transmissão. A perspectiva adotada para a discussão bibliográfica é a psicanalítica, embora o embasamento teórico contemple autores de outras áreas também.

  

  

  
Título: ADOLESCÊNCIA?
Autor: Vanessa Keiko Rossaka
E-mail: vanessa.rossaka@gmail.com
Instituição: Faculdade de Medicina do ABC
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Retratar o mal-estar contemporâneo. De que mal-estar coloquiamos afinal? O mal-estar das mazelas socioculturais? Ou, para enquadrarmos um retrato, a adolescência “delinquente”? Ou, ainda, o crescente número de crianças e adolescentes com diagnósticos classificados pelo DSM-IV, ou pela CID-10? A confluência desses mal-estares apresenta-se em minha prática clínica, no ambulatório de hebiatria de um hospital escola. Mas como retratar, então, o mal-estar contemporâneo na educação, no que tange a fluidez desse mal-estar da (ou na) adolescência? A adolescência é, usualmente, retratada como um momento de crise, de transformações, de mudanças; impõe ao sujeito uma reorganização simbólica frente a algumas (re)descobertas; é uma passagem entre o laço familiar e o laço social, tal qual explana Rassial, passagem que implica que o sujeito adolescente precisa se haver com o seu desejo, o dos pais, dos médicos, dos professores, da sociedade! Raras vezes recebo os adolescentes por pedidos próprios; mas ao recebê-los a pedido desses outros, recebo também essa polifonia de discursos. As queixas apresentadas por esses outros, injustificáveis às vezes, mantém-se vinculadas a sintomas educativos, seja aprendizagem ou comportamentos inadequados; no entanto, ao oferecer escuta a este sujeito adolescente que vem trazido, noto que trazem consigo uma demanda própria, que pouco ou nada tem haver com esses sintomas educativos. A partir desse resto que cai entre o mal-estar social representado pelo adolescente e a demanda do sujeito adolescente, pretendo refletir sobre a possibilidade de que esses sintomas educativos ocupem o lugar de um sintoma social, que possa ora escamotear e ora denunciar o sintoma desse sujeito adolescente.

  
Título: CONVERSAS NA PRAÇA – A EXPERIÊNCIA DE ADOLESCER NAS MARGENS DO RIO
Autor: Wagner Kruger Malinoski
E-mail: malinoski86@gmail.com
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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   Este trabalho consiste no relato de uma experiência de pesquisa e extensão que vem sendo desenvolvida junto a adolescentes do arquipélago da cidade de Porto Alegre. O desenvolvimento das ações baseia-se na escuta da demanda local, no que se refere à abordagem de adolescentes, sendo as intervenções sustentadas através da articulação da psicanálise com o tema da experiência em Walter Benjamin.

   Em parceria com uma Equipe de Estratégia de Saúde da Família da Ilha da Pintada, mantida pelo Hospital Moinhos de Vento, iniciamos um trabalho que buscou, em um primeiro momento, conhecer e compreender a demanda dos adolescentes da região, bem como as dificuldades da Equipe no trabalho com os jovens. Através de entrevistas e observações de familiarização, constatamos algumas dificuldades dos serviços da região em vincular os adolescentes. Além deles pouco procurarem os espaços de grupos e consultas na Unidade, os profissionais parecem não conseguir implementar dispositivos de intervenções passíveis de atrair estes sujeitos para falar de si e de seu sofrimento. Tal constatação levou-nos a identificar os locais comunitários nos quais eles circulam. Dentre estes, localizamos o SASE, instituição ligada à Secretaria de Ação Social na qual os adolescentes circulam no turno inverso à escola.

   A partir do início deste ano, propomos, no SASE, a intervenção denominada conversas na praça. Nela, procuramos condensar a narratividade - necessária como modo de subjetivação juvenil - com o resgate de uma questão própria que revela a pertença e, portanto, a origem da comunidade: a ocupação do espaço público da praça.

   A ideia é que se construam intervenções que possam ir ao encontro dos interesses dos jovens e que, ao mesmo tempo, promovam a construção de experiências passíveis de ajudar-lhes nas elaborações importantes deste momento de suas vidas. Ao tomar chimarrão, tocar violão, escutar músicas, entre outras atividades, é ofertada a eles  a oportunidade de fazer uso da palavra. Deste modo, falando de si e de suas angústias, pensamos que os ajudamos a pavimentar de outra forma a dimensão da experiência em suas vidas.





  

  
Título: EL MALESTAR DE LOS EQUIPOS DE ORIENTACIÓN ESCOLAR EN LA CULTURA EDUCATIVA ACTUAL
Autor: Yesica Molina
E-mail: yesicamolina@yahoo.com.ar
Instituição: Programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas, Área Educación (FLACSO). Red INFEIES
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El presente trabajo se inscribe en una línea de investigación que el programa de Psicoanálisis y Prácticas Socioeducativas en el área de educación de FLACSO, bajo la dirección de Perla Zelmanovich, viene desarrollando acerca de las “Figuras y Formaciones del Malestar en la Cultura Educativa Actual”, cuyos objetivos son: delimitar las recurrencias y las particularidades en los modos de nombrar los obstáculos que los profesionales encuentran en el ámbito de las prácticas socio-educativas; definir objetos de investigación orientados a cernir figuras paradigmáticas del malestar; y producir conocimiento sobre los procesos de formación de dichas figuras y sobre los modos de abordar la posición de los profesionales ante las mismas. En el comienzo de la investigación, la muestra de 369 nombres del malestar en la que se basó la primera etapa nos acercó a algunos puntos de mayor condensación del malestar en la cultura educativa: uno de estos puntos es la preponderancia del malestar centrado en los equipos de orientación escolar. En este trabajo expondremos algunos de los hallazgos encontrados en los obstáculos que narran los integrantes de dichos equipos. Desplegaremos algunas recurrencias encontradas en los modos de abordaje de estos obstáculos: la fragmentación de las intervenciones entre los diferentes actores intervinientes, el desdibujamiento del sujeto de la intervención o del trabajo y la derivación como automatismo de repetición (Zelmanovich, P. 2010). Para concluir, acercaremos algunas reflexiones orientadas a situar herramientas de lectura que permitan el trabajo pluri y transdisciplinario (Assoun, P. L. 2004) y a esbozar algunos principios como herramientas de trabajo sobre estos malestares educativos.

  

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