Nossa sociedade contemporânea fica atenta à palavra da criança. Desde 1989, o progresso no direito à expressão inerente aos direitos humanos foi estendido à criança. No entanto, com este congresso, queremos questionar a evidência da fala de crianças e adolescentes no seio das instituições educativas ou sócio-médicas. Como a palavra é recebida e escutada? Que lugar lhe é dado? Que novas questões coloca a sua acolhida? Como professores, educadores e pedagogos dão vida a essa palavra no espaço institucional? Como articulam essas dimensões de ouvir e falar com as dimensões de autoridade, transmissão de normas, valores e saberes no cerne dos processos educativos? Como a psicanálise pode lançar luz sobre essas práticas e essas questões? Como ela nos permite compreender a recepção da fala em nossas sociedades, suas limitações, até mesmo seus impasses? Quais são os novos desafios para profissionais e pesquisadores?

Para refletir sobre essas questões, podemos tomar como ponto de partida a virada decisiva operada por Freud, na qual Lacan insiste, ao distinguir a palavra de um instrumento de comunicação, para assim significar que ela carrega as marcas do desejo. Embora a palavra esteja no centro dos dispositivos educacionais e da psicanálise, suas respectivas apreensões remetem a profundas divergências. Por um lado, a educação promove o desenvolvimento da fala para sustentar a razão e a responsabilidade da criança. Por outro lado, a psicanálise se interessa pelo infans, aquele que não fala, falado antes de mesmo falar, marcado pela alienação ao Outro, presa do processo de simbolização. Para a psicanalise o dizer tem precedência sobre o dito, como ato de fala, ato de afirmação de um sujeito. Assim, o analista se interessa pelo que falta à fala, escapa ou a sustenta. Por um lado, a função simbólica da educação limita o gozo e dirige o desejo. Por outro lado, a terapia da fala e a interpretação deixam espaço para mal-entendidos fundamentais. Por um lado, o discurso do mestre; de outro, o discurso do psicanalista. Como, então, a palavra da criança, entendida como portadora de um significante, como aquilo que nos humaniza e remete à nossa condição de sujeito dividido, pode ser amparada no campo educacional?
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Alunos de Pós-Graduação

Horários e Locais:
01/06/2023 - 09:00 às 18:00 - Outro local fora da FEUSP - Université Paris 8 Vincennes Saint-Denis
02/06/2023 - 09:00 às 18:00 - Outro local fora da FEUSP - Université Paris 8 Vincennes Saint-Denis
03/06/2023 - 09:00 às 17:00 - Outro local fora da FEUSP - Université Paris 8 Vincennes Saint-Denis

Leandro de Lajonquière - EDF