Escola sem Partido

Professores da Faculdade de Educação da USP comentam o projeto “Escola sem Partido”

Antes de tudo, é necessário saber o que é o projeto “Escola sem Partido”. O projeto visa estabelecer regras para o professor sobre o que ele pode ou não falar dentro da sala de aula, para se “evitar” uma possível doutrinação ideológica e política. A ideia do programa existe desde 2004 e foi criado pela sociedade civil organizada, que tem como proposta colocar um cartaz na parede de toda sala de aula, deixando claro quais os deveres do professor.

Para se ter uma ideia, alguns desses deveres incluem “instruir” o professor a não demonstrar suas opiniões sobre qualquer que for o tema; não estimular os alunos a participarem de manifestações, atos públicos e passeatas e que a educação moral seja ensinada com base naquela que os pais dos alunos achem a mais correta. Contudo, tal projeto tem gerado críticas ao longo dos últimos tempos.

Segundo a professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), Lisete Arelaro, estamos vivendo atualmente no Brasil situações inimagináveis no processo democrático. A professora também ressalta que uma consequência desse projeto será a delação do professor por parte do aluno, cada vez que esse professor iniciar um debate que o aluno entenda que não seja pertinente. “Esse professor poderá ir preso por até três meses. Nós, que temos poucos pais participando dos debates dentro da escola, agora poderemos tê-los como fiscais dentro da sala de aula, desde a creche à educação superior”.

Confira abaixo a entrevista completa com a professora Lisete Arelaro.

O que é a formação do professor? Indaga a também professora da FEUSP, Maria Isabel de Almeida. De acordo com ela, a formação do professor dá-se para “trabalhar dentro da escola, da sala de aula, uma formação que leve à inserção dos alunos de um modo responsável, crítico, produtivo e transformador, dentro do mundo em que vivemos”.

Para Almeida, este segmento mais conservador que defende a ideia da escola sem partidos, é, dentro do contexto geral, senão um partido também. “E é um partido com bases extremamente fechadas, antidemocráticas e cerceadoras das conquistas da ciência e da sociedade”, ressalta.

Confira abaixo a entrevista completa com a professora Maria Isabel de Almeida.

O professor Ocimar Munhoz Alavarse ressalta que, aqueles que se mostram favoráveis a esse movimento e engrossam o coro do projeto “Escola sem Partido”, omitem os verdadeiros problemas que a educação escolar enfrenta, como o nível que os alunos saem dos ensinos fundamentais e médio – podendo citar problemas com a leitura – e ainda a situação em que tais alunos e professores possuem nas escolas.

Alavarse explica que esse movimento procura controlar esses milhões de trabalhadores da educação, acuando-os. E o que eles acabam propagando é que os professores supostamente estariam impedindo que os alunos aprendam e se manifestem, seja qual for o lado ideológico, e portanto, tais professores precisam ser controlados.

Confira abaixo a entrevista completo com o professor Ocimar Munhoz Alavarse.