MANIFESTAÇÃO DE REPÚDIO E DE INDIGNAÇÃO

MANIFESTAÇÃO DE REPÚDIO E DE INDIGNAÇÃO À AÇÃO POLICIAL IMPETRADA CONTRA A ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES E CONTRA AS ESCOLAS PÚBLICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO E DO BRASIL

A Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, por meio da presente nota, manifesta seu repúdio e sua indignação diante da invasão, por parte do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (GARRA), não identificados e sem mandato judicial, da sede da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), no dia 04/11/16. Com mais de duas décadas de atividade, a ENFF tem oferecido cursos de formação sobre: história, política, sociologia, literatura, cultura popular, agronomia e educação. Ao longo desses anos, ela estabeleceu inúmeras parcerias com universidades do Brasil e do exterior. A ENFF é parceira da FEUSP em atividades de formação, tendo sido fundamental o seu apoio durante a realização do Curso de Especialização “Educação do Campo e Agroecologia”, ao receber nossos alunos por quatro vezes. Como outras instituições de ensino sérias desse país, a ENFF possui uma excelente creche para os filhos dos funcionários, dos professores e dos alunos. A desastrosa ação policial envolveu violência física e disparos de arma de fogo contra pessoas que não manifestaram nenhuma reação, colocando em risco a vida de todos, inclusive, das crianças.

Com a mesma convicção, recusamos e repudiamos os atos de violência, arbitrariedade e desrespeito empreendidos pelo poder público, particularmente da polícia, junto a estudantes e professores nas escolas públicas, da rede estadual paulista e demais redes públicas em outros estados brasileiros. Não aceitamos que estudantes sejam tratados como inimigos públicos pela luta que empreendem por uma educação pública de qualidade para todos e todas. Também refutamos as alegações de que esses jovens sejam massa de manobra, guiados por grupos contrários aos governos federal e estaduais. Exigimos que sejam ouvidos e considerados em suas demandas. Não aceitamos a construção das imagens de vândalos e arruaceiros, por um lado, ou ingênuos e manipulados, por outro, tal como veiculam determinados segmentos da mídia nacional.

Por fim, preocupa-nos, sobremaneira, que ações realizadas com tamanha arbitrariedade possam ser tomadas como legítimas pelos nossos governantes.

 

São Paulo, 7/11/2016.

Congregação e Professores da FEUSP