O Ciclo de palestras Obras literárias e seus efeitos (sentidos) educativos propõe a análise de obras literárias na perspectiva de seus eventuais efeitos formadores para os leitores. Articula-se ao ciclo desenvolvido no primeiro semestre de 2019 (A formação da biblioteca pessoal: efeitos refeitos), o qual objetivou examinar como as nossas leituras vão se imbricando, ganhando corpo, desde o início do aprendizado do ler, constituindo, nesse movimento, “bibliotecas pessoais”, no sentido físico e figurado, responsáveis por guiar nossa imaginação e percepção da realidade. Almejou, igualmente, favorecer aos futuros educadores (alunos dos cursos de formação de professores) um conhecimento que fertilize a reflexão acerca de formas de lidar com o desenvolvimento do gosto pela leitura como fonte de prazer e utensílio básico para o aprendizado escolar e não escolar.
Nesta segunda etapa do Ciclo, conservando a intenção de contribuir para as reflexões acerca do papel e das possibilidades formadoras da leitura e a atenção que a questão deve receber nos processos de educação docente, escolhemos como caminho a análise de obras literárias e dos elementos que podem daí surgir para que pensemos questões pedagógicas. A cada palestra corresponde a incursão por uma obra da literatura brasileira ou estrangeira e a ênfase num aspecto potencializador dos sentidos educativos. Observa-se aqui duas vertentes pelas quais as análises irão se pautar, pois além da dimensão dos potenciais efeitos formadores pretende-se também indicar a dimensão do conhecimento sobre a história e os sujeitos da educação, bem como dos processos pedagógicos e de escolarização que as obras podem configurar. Serão levadas em conta na produção dos exames os impasses relativos à natureza dos conhecimentos advindos das ficções, das autobiografias e das memórias para as ciências humanas. Igualmente, consideramos as discussões que pretendem que a leitura das obras literárias seja feita exclusivamente de “modo literário” alijando as dimensões relativas ao conteúdo, ao contexto e ao que está “fora do texto” (P. Bourdieu – penso que aqui devemos indicar o título de Bourdieu). Assim, teremos presente a complexidade da questão, mas a enfrentaremos de modo a sustentar o recurso à literatura como móvel de formação e conhecimento da realidade social, histórica e psicológica. A própria aproximação entre a literatura e a educação tal como proposta neste Ciclo sugere que nos voltemos também para a análise da natureza dos estudos educacionais. Sempre derivados de outras ciências e artes? A indagação fica no horizonte das nossas tentativas de apropriação das obras literárias tal como nos propomos a mostrar.

Alunos de Graduação
Alunos de Pós-Graduação

Patricia Aparecida do Amparo - EDM