Por acaso o parentesco estabelecido por Freud entre os três ofícios impossíveis: governar, educar e psicanalisar poderia significar que há algo de comum nas respectivas formações desses agentes em seus ofícios?
Algo de comum não quer dizer semelhante. Evidentemente que esse parentesco sublinhado por Freud não nos autoriza a esfumaçar as diferenças que separam os atos de governar, educar e analisar, bem como as condições particulares de cada formação, mas poderia representar que em suas respectivas formações eles são confrontados a um desafio comum - o manejo do impossível e a potencialização do campo dos possíveis – para o qual têm que dar respostas próprias e singulares, encontradas na especificidade de cada campo.
Se o impossível em cada ofício é estrutural, as respostas a ele são necessariamente contingentes. E seria nesse campo das respostas contingentes, próprias e singulares que a formação poderia jogar um papel fundamental. Afinal, é ela quem deveria dotar o profissional das condições de analisar as contingências e de dar a elas as respostas mais adequadas possíveis.
O atual cenário da formação docente no Brasil nos deixa em dúvidas sobre a eficiência dessa formação. Para além da precariedade das condições de implementação – problema crônico na realidade brasileira – resta também a analisar a precariedade dos modelos formativos.
Teria a psicanálise algo a dizer neste campo da formação docente, seus modelos, as vicissitudes de sua implantação, etc.? Teria ela algo a oferecer no interior dessa busca de respostas singulares e contingentes que contornam o real da impossibilidade do educar?
Neste evento propomos pensar a formação docente, ou melhor, a formação de professores para nos distinguirmos, de saída, dessa outra perspectiva que ao preferir o termo docente marca a dessubjetivação da qual ela, aliás,, dá o testemunho em toda a sua extensão.

professores da rede, alunos e pesquisadores da pós graduação, psicólogos e psicanalistas

Rinaldo Voltolini - EDF