Seminário 3 "A questão dos pais na análise de crianças"
Robert Levy (resumo)
Inscrição: R$15,00 (vagas limitadas)atividade vinculada ao 9º Colóquio Internacional do LEPSI / 4º RUEPSY | Retratos do mal-estar contemporâneo na educação
Em 1930 Freud formula a noção de mal-estar na cultura. Em sua concepção, o pai da psicanálise destaca como invariável o elemento que caracteriza o mal-estar: o conflito entre o particular dos pendores pulsionais e o coletivo das exigências civilizatórias.

Que a noção de mal-estar se defina de maneira estrutural não significa que a contingência, o variável, não tenha nenhum peso em sua consecução, afinal, como demonstrou Lacan, a contingência é o que descompleta a estrutura.
Examinar o peso da contingência no mal-estar atual da sociedade implica valorizar o diagnóstico do presente, pois, como se sabe, não se pode combater nada in absentia ou in effígie.
Tal exame, contudo, deve abandonar a inclinação neurótica do gosto pela nostalgia. Não se trata de discutir o presente em contraste com um passado que lamentamos ver murchar diante de nossos olhos, mas, antes, de lançar luzes sobre uma série de transformações sociais maiores e destacar nestas o desafio que elas representam.

No campo da educação é flagrante a lamúria nostálgica, expressa, em geral, na sensação de crise. Por qualquer ângulo que se olhe pululam conflitos, tensões, dúvidas e incertezas. Surpreende quando vemos pesquisadores de vários lugares do mundo, com realidades socioeconômicas distintas, encontrarem semelhanças nas queixas e dúvidas proferidas no contexto educativo: Teria a autoridade perdido sua força nos dias de hoje?; As crianças e jovens de hoje são mais desinteressados e contestadores da educação?; A escola é uma instituição que ainda possui valor social?; etc.

Poder-se-ia ver em toda essa nostalgia apenas a expressão de um lamento neurótico que tal como mostrou Woody Allen em seu filme: Meia noite em Paris, se caracteriza por achar que o passado é sempre o melhor lugar para se viver. Mas, por acaso não poderíamos ver também no tom desse questionamento a percepção, mais ou menos enviezada, daquilo que parece ser a marca distintiva de nosso tempo? De fato, a idéia de solvência, de liquidez, de sem gravidade, só para alinhar algumas das tentativas de caracterizar com uma metáfora o selo distintivo de nossa época, parecem retomar a velha máxima marxista de que tudo que é sólido se desmancha no ar.

Retratos do mal-estar contemporâneo na educação não é um título casual. A ideia de retrato serve para marcar aquilo que é pretensão de congelar o tempo, de fixar alguma coisa que resista a sua fluidez. Condensa, portanto, aquilo que é o gosto neurótico pela nostalgia e a constatação de um mundo no qual a solidez e a durabilidade das coisas parece se desvanecer rapidamente.

Convidamos a todos os que se sentirem concernidos para debater conosco trazendo seus retratos do mal estar contemporâneo na educação.

alunos de graduação em Pedagogia, licenciaturas e Psicologia, pós-graduação de Educação e Psicologia, professores e psicólogos

Horários e Locais:
18/10/2012 - 19:00 às 22:00 - Outro local fora da FEUSP -

Rinaldo Voltolini - EDF